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O ROCK CHORA, CHORÃO


Postado em 06/03/2013

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Muito já se falou ao longo de todo esse dia triste sobre a morte de Alexandre Magno Abrão, ou “Chorão”, como ficou conhecido artisticamente o vocalista do Charlie Brown Jr. Apesar dos altos e baixos que o cantor experimentou ao longo de seus 15 anos de carreira, vale ressaltar a sua incrível habilidade de falar para os jovens que acompanham a sua carreira desde os anos noventa, e que ainda hoje conservaram o respeito de reconhecer a força de suas canções.

Desde a geração pré-MP3 até a geração conectada em redes sociais, Chorão conseguiu se manter com sua banda na boca do povo, com sucessos elegidos por trilhas sonoras, ou mesmo elegidos pelo próprio público ao se identificar com letras que tinham como mote as vicissitudes da vida, e um discurso extremamente pessoal, fato que transformou Chorão em um letrista simples e, no mínimo, bom.

É claro que Chorão nem sempre foi cem por cento feliz em suas letras e nos seus atos, mas quem é que consegue ser? O cantor, compositor e roteirista participou de acontecimentos pouco agradáveis, como a briga aonde chegou a vias de fato com o Marcelo Camelo, até letras que às vezes transmitiam mensagens pouco ortodoxas. Obviamente, como figura pública, Chorão também errou.

Em termos de discografia, o Charlie Brown Jr. oscilou nos seus dez discos com álbuns que variaram entre ótimos, casos de “Transpiração Contínua Prolongada” (1997), “Preço Curto... Prazo Longo” (1999) e “Imunidade Musical” (2003), e outros menos inspirados, mas o que é importante ressaltar é que cada álbum da banda sempre trazia ao menos um single de sucesso.

O reflexo disso era percebido nos próprios shows da banda, catárticos, divertidos, emocionantes e pequenos demais para tantos sucessos, todos cantados pela plateia sem que esforços fossem medidos, puramente para acompanhar e repetir aqueles versos tão significativos para cada pessoa que se acotovelava e se espremia para estar ali presente, e que, a partir de hoje, são considerados sortudos que viveram aqueles momentos que já não serão mais repetidos, senão através dos shows eternizados em vídeos.

Dado o seu sucesso, inevitavelmente várias bandas se basearam no estilo do CBJ, mas Chorão e sua banda conseguiram construir um som tão legítimo, que nenhuma banda foi capaz de se sustentar surfando na praia de Chorão.

E o Rock chorou, sem trocadilhos. E tenho pena do Rock, ritmo ao qual sou particularmente influenciado. Tenho pena do combalido Rock que vê partir artistas legítimos como os que se foram há muito tempo como Cazuza, Renato Russo, Chico Science, Cássia Eller, e agora Chorão.

Em um cenário que a duras penas tenta se renovar, a perda de um cara como Chorão é para ser lamentada, os fãs e até mesmo os não tão fãs, estão mostrando a força que esse cara tinha perante o público e, se a imprensa não se render às merecidas homenagens, ao menos a homenagem que mais importa já está sendo feita, o respeito e reconhecimento do público.

Valeu por tudo Chorão!

Anderson Nascimento





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