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CRÍTICA: MARTINHO DA VILA - TEATRO BRADESCO (RJ) 26/01/17


Postado em 28/01/2017

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Um obra feita com cuidado e dedicação, como foi o caso do último disco do Martinho da Vila, “De Bem Com a Vida”, ganha desdobramentos, tornando-se importante peça no legado discográfico do artista e virando espetáculo (bem) produzido sob o conceito da própria obra, em detrimento a apenas agradar os convidados com dezenas de sucessos populares. Assim foi o show “Martinho de Bem Com a Vida”, ocorrido no dia 26 de janeiro no sempre aconchegante Teatro Bradesco Rio.

Mesmo a chuva, que tem castigado o Rio de Janeiro todo o fim de tarde, não foi capaz de atrapalhar a ansiedade em rever Martinho, um senhor de 78 anos, que está completando neste ano de 2017 os 50 anos de carreira, efeméride marcada por sua participação no III Festival da Record, com a canção “Menina Moça”.

A excelente produção e conceito do seu último disco se estenderam para o show, iniciado com Martinho sozinho à frente do cenário tocando percussão, enquanto os músicos aguardavam por traz de uma fina cortina que expunha as suas silhuetas.

Aos cânticos de “Saravá, Saravá!”, Martinho iniciou o show arrepiando aqueles que, assim como eu, estavam ansiosos para ver e ouvir as canções do novo disco tocas ao vivo. Uma das muitas elogiáveis características do Mestre é a de respeitar o conceito por traz de tudo, seja em um Samba-Enredo, um álbum ou um show, e nesta apresentação Martinho não fez diferente, cumprindo o prometido de tocar o novo disco na íntegra.

Assim, Martinho seguiu apresentando o novo disco até chegar ao novo clássico de seu repertório, “Fala, Cavaquinho!”, canção que se junta a dezenas de grandes canções de seu vasto repertório. A canção foi arrepiante, tal qual na abertura do disco, com destaque para o vozeirão de Martinho, que preencheu boquiabertamente casa. A voz de Martinho resistiu incólume aos 50 anos de bons serviços prestados ao Samba e à música popular brasileira.

Martinho entra então na dobradinha de canções feitas para outros artistas cantarem, seguem então “Danadinho Danado”, gravada por Simone, e “Amanhã é Sábado”, gravada por Roberta Sá, tudo igualzinho ao original, exercitando honestamente o seu eu lírico feminino.

Momento de maior emoção no palco foi “Disritmou”, canção cantada no mais puro sussurro “made by” Martinho, que emocionou aos presentes e ao próprio cantor, que não se fez de rogado ao entregar tal fato ao público.

Foi somente na décima canção, a erótica “Samba Sem Letra”, que Martinho deu o seu tradicional “Boa Noite gente...” para o público, apresentando também a sua banda, composta pelos jovens artistas que gravaram o disco com ele, e por dois de seus netos. Martinho então deixou os músicos à vontade para se apresentarem ao público, saindo do palco por alguns minutos, enquanto a banda tocou um set instrumental calcado na percussão, além de “Disritmia” e “Ex-Amor”.

Martinho voltou ao palco e continuou a interpretação canções do seu novo disco, como o Samba Enredo “Gratidão Musical”, que ficou mais inspirada em sua versão ao vivo que no CD, até chegar em “Daqui, de Lá e de Acolá”, samba que lembra os mais antigos temas de Martinho, e que encerrou a primeira parte do show.

No primeiro bis Martinho voltou sozinho ao palco, e resolveu brincar com o público que sugeria canções para Martinho interpretar ao vivo, apenas com palmas, pandeiro e com a participação do próprio público que cantou junto os sucessos “Devagar, Devagarinho”, “Madalena do Jucú”, “Casa de Bamba”, “Pra Que Dinheiro?”, “Quem é do Mar Não Enjoa”, “O Pequeno Burguês” e “Canta, Canta, Minha Gente”.

A banda então voltou ao palco para o segundo bis, em que emendaram belas versões de “Disritmia” e “Ex-Amor”. O público aplaudiu de pé, a felicidade estava estampada nos olhos brilhantes de cada presente no teatro, pois tinham visto Martinho ali em carne e osso, brincando, dançando, tocando, tudo no seu ritmo, ou seja, devagar, devagarinho. Talvez esse seja até o segredo da longevidade, vai saber.

Martinho despediu-se da mesma forma em que começou o show, tocando e mandando um “Saravá” ecumênico, cheio de energia para os presentes. Obrigado por mais este show Martinho!

Setlist:

01 - Abertura com Percussão
02 – Saravá, Saravá
03 – De Bem Com a Vida
04 – Sou Brasileiro
05 – Fala, Cavaquinho!
06 – Danadinho Danado
07 – Amanhã é Sábado
08 – Disritmou
09 – Chôro Chorão
10 – Samba Sem Letra
11 – Banda – Instrumental com Percussão
12 – Banda – Disritimia
13 – Banda – Ex-Amor
14 – Gratidão Musical
15 – Alegria, Alegria!
16 – Muita Luz!
17 – Do Além
18 – Daqui De Lá e de Acolá
Bis 1
19 – Pot-pourri à capela e pandeiro: Devagar, Devagarinho / Madalena do Jucú / Casa de Bamba / Pra Que Dinheiro? / Quem é do Mar Não Enjoa / O Pequeno Burguês / Canta, Canta, Minha Gente.
Bis 2
20 – Disritmia
21 – Ex-Amor
22 – Saravá, Saravá!




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