De pai para filha - Marya Bravo canta Zé Rodrix

Marya nasceu cantando, como dizia Zé Rodrix, e em útero musical.

Pai compositor e cantor e mãe, Lizzie Bravo, dona de uma voz tão privilegiada que serviu até como backing vocal para os Beatles nos anos 60. Em seu próprio imaginário Marya também nasceu cantando: "Não me lembro de não cantar".

“Logo depois da perda inesperada do pai ano passado, Marya lançou seu primeiro disco solo, ‘Água demais por ti” que vinha preparando há quase uma década. Zé não chegou a ver o disco pronto mas pelo que tinha ouvido falava dele com enorme admiração, orgulho e certeza de que seria maravilhoso.

Por ocasião da morte do Zé, Marya foi chamada várias vezes para prestar homenagem ao pai cantando suas músicas. Ela não conseguiu. A emoção ainda estava muito forte e a perda recente.

Hoje a emoção continua quando ela fala do pai e de suas músicas, mas a vontade de marcar com a sua voz e a sua interpretação essa relação paterna e musical falou, ou melhor, cantou mais alto.

Marya vibra com a idéia do show. Trazer de volta a sonoridade que ouvia na barriga da sua mãe e nos primeiros anos de vida. Sons que invadiram sua mente e a influenciaram até hoje.

O repertório é anos 70, assim como o visual e as fotos. "Tenho essa lembrança muito forte na minha cabeça. Meu pai assim, com esse cabelão, cheio de colares, sempre tocando, desenhando, escrevendo, criando."

Marya é a "filha de cuca legal" da inesquecível Casa no Campo de Zé e Tavito. Isso ela sabe e confirma. Tem realmente a cuca legal.

Nós, somos "os amigos do peito " Em se tratando do Zé, é o bastante para que não o esqueçamos jamais.

Sua voz, sua criatividade, sua inteligência, sua cultura antológica e sua música.

De pai para filha, esse é um show imperdível. Miguel Paiva.