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CRÍTICA: ZÉ RAMALHO - CLUBE JUNDIAIENSE (SP), 18/11/16


Postado em 23/11/2016

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por Johnny Paul / Foto: Sidnei Parraro (site oficial)

Noite de fria de sexta-feira, 18/11/2016, o salão social do Clube Jundiaiense recebeu uma das personalidades artísticas mais emblemáticas do Brasil para uma viagem através de clássicos: Zé Ramalho & Banda Z. Com os portões abertos às 21h e com a apresentação prevista para 23h30, os presentes foram se instalando no interior do clube ao som mecânico de Kid Abelha, Nenhum de Nós e mais alguns grupos de grande massa entre as divisões de pista, mesas bronze, prata e ouro, sendo esta última o setor que proporcionava mais aconchego e visão do palco. Por volta de 22h30 a bela estrutura de box truss montada no palco trazia jogos de luzes intensos e, vez outra acendendo para teste de produção, o público ia às alturas gritando "Zé! Zé!". Era apenas um teste.

Pontualmente no horário previsto e sem banda de abertura, Zé Ramalho adentrou o palco do Clube Jundiaiense junto com os músicos da banda Z para delírio dos presentes, muito bem misturados entre jovens e adultos. Os primeiros acordes soaram para a abertura com O Que É O Que É, clássico de Gonzaguinha de 1982, em uma interpretação impecável de Zé Ramalho, com sua voz inconfundível entrando em contraste com o talento dos membros do Z. Sem muita conversa e colando uma na outra, Galope Rasante deu espaço para a cantoria no salão, tendo em seu final o primeiro diálogo "boa noite" para com o público jundiaiense.

Kryptônia, clássico do seu quinto disco de estúdio Orquídea Negra, de 1983, emocionou muita gente. Beira-Mar acabou para o início triunfal de Entre A Serpente E A Estrela, em um coro memorável que fazia-se calar arrepios apenas em quem não possui sentimento musical. Entre sorrisos e um grande carisma de Zé Ramalho, Taxi Lunar, A Terceira Lâmina, Banquete dos Signos e Eternas Ondas vieram no andamento para o artista gritar "agora, o mensageiro!", e a mensagem foi rapidamente captada junto com os acordes inconfundíveis de Avôhai, clássico presente no seu primeiro disco autointitulado e que contou com o tecladista ex-Yes Patrick Moraz na gravação dessa canção em 1978. Vila do Sossego foi outro grande momento e que fez uma dobradinha espetacular com Chão de Giz para deleite geral. Ainda me pego pensando que Chão de Giz (também do primeiro álbum) soa muito melhor no estúdio do que todas as versões ao vivo que pude conferir.

Em seguida, ainda no meio de aplausos e gritos incansáveis por parte do público depois de uma grande interpretação, Zé Ramalho tirou do bolso dois de seus sucessos do segundo disco lançado em 1980, Zé Ramalho II, falo de Garoto de Aluguel e Admirável Gado Novo, esta última em uma curiosa extensão que resultou em quase 10 minutos de música, com a impressão de que ele a cantou duas vezes (poderia ser três vezes; ninguém reclamaria). Na sequência, ainda com um sorriso no rosto e um carisma sem necessitar de muito, Zé anunciou que iria tocar duas músicas do grande maluco beleza brasileiro: Raul Seixas. A interpretação impecável da banda Z fez com que Gita e Medo da Chuva ficassem próximas do repertório próprio do cantor, já que os dois clássicos cantados na voz de Zé Ramalho ganharam sentimento redobrado. Uma palinha de Beat It de Michael Jackson foi tocada na flauta doce em acompanhamentos de percussão que ganharam uma levada de música típica nordestina, mas foram apenas cerca de 20 segundo para a casadinha com Frevo Mulher, também do segundo trabalho. Daí para então, não teve jeito. O artista, muito querido por onde passa, agradeceu à cidade de Jundiaí pelo carinho demonstrado do início ao fim e deixou o palco sob aplausos frenéticos e todos em pé.

Claro, ele voltou para o bis e, se os aplausos eram muitos no salão do Clube Jundiaiense, dobrou em sua volta para o palco, fazendo-se refletir o seu grande sorriso. Sinônimos ganhou nova roupagem e, assim como Admirável Gado Novo, ganhou uma bem-vinda extensão, inclusive com as famosas paradinhas para apenas os presentes cantarem. A Vida do Viajante, de Luiz Gonzaga, encerrou uma noite memorável em uma hora e meia exata de espetáculo cheio de música boa. Ele ainda ficou por lá, na beira do palco, autografando gentilmente discos e CDs que muitos levaram, deixando sua assinatura em porte físico e sentimental, tendo seu nome "Zé Ramalho! Zé Ramalho" gritado em uníssono pelos jundiaienses que não perderão outra oportunidade quando esse grande artista do nosso Brasil descer na cidade novamente.

Setlist

01 – O QUE É, O QUE É (GONZAGUINHA)
02 – GALOPE RASANTE
03 – KRYPTÔNIA
04 – BEIRA-MAR
05 – ENTRE A SERPENTE E A ESTRELA
06 – TÁXI LUNAR
07 – A TERCEIRA LÂMINA
08 – BANQUETE DOS SIGNOS
09 – ETERNAS ONDAS
10 – AVÔHAI
11 – VILA DO SOSSEGO
12 – CHÃO DE GIZ
13 – GAROTO DE ALUGUEL
14 – ADMIRÁVEL GADO NOVO
15 – GITA (RAUL SEIXAS)
16 – MEDO DA CHUVA (RAUL SEIXAS)
17 – BEAT IT – FREVO MULHER
BIS
18 – SINÔNIMOS
19 – A VIDA DO VIAJANTE (LUIZ GONZAGA)




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