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Confira a nossa entrevista com MARCELA ZANETTE


Postado em 12/07/2016

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Da Redação: “Esse projeto visa oportunizar o acesso à cultura para pessoas que não costumam frequentar teatros, levar um pouco de arte a vida cotidiana delas que, muitas vezes, não consomem a música instrumental, simplesmente por não a conhecer”, assim Marcela Zanette, instrumentista curitibana, define Sopros, Palhaços e Alegria.


Numa caravana lúdica, que atualiza as bandas de coreto, a artista já passou por diversas ruas da cidadania de Curitiba. Com ela, um time formado por seis músicos, divididos, como o nome do trabalho já adianta, em sopros e percussão, e mais dois artistas de outra área, especificamente do circo: Marina Prado e Fábio Salgueiro. E escolher essa turma foi fácil para Marcela: “Pela competência de todos e por afinidade. Gosto de estar sempre trabalhando com amigos. ”

No próximo dia 15 de julho, a trupe vai para a Regional de Santa Felicidade, continuando a levar alegria e música para a população curitibana. O evento está marcado para às 9h. Antes disso, a flautista Marcela Zanette bateu um papo exclusivo com o GALERIA MUSICAL. Confira:

GM: Qual a importância de ir aonde o povo está quando falamos de música?
Eu fui criada na periferia de Curitiba. Vi uma flauta transversal pela primeira vez aos 15 anos de idade, me lembro até hoje da situação e de como isso mudou os rumos da minha vida e meu olhar sobre o mundo. Hoje em dia a flauta já é um instrumento mais popular, mas em vários lugares aonde tocamos, ninguém reconhece uma clarineta, por isso sempre reservamos uma parte do show para apresentar o som de cada instrumento.

Se o som tocar o coração de uma pessoa que estiver passando pela rua, se alguma delas resolverem seguir os caminhos da música, ou simplesmente ampliarem o seu repertório musical, acho que o projeto já atingiu seu objetivo.

GM: Quais os desafios da música instrumental no Brasil?

Existem muitos desafios. Não é fácil ser instrumentista. Além do estudo técnico do instrumento, afinação, melodias, harmonias e improvisações criativas, precisamos viver da música instrumental e pagar nossas contas com ela. Para isso acho fundamental cativar um público consumidor para nossa música. Já fui a shows de instrumentistas virtuoses que tinham 30 pessoas assistindo. Acho que muitas vezes, nós, músicos instrumentais, acabamos restringindo muito o nosso público, acabamos direcionando nosso trabalho apenas para a classe artística, estudantes de música, público universitário, senhores e senhoras de ouvidos bem-educados. Estou direcionando uma parte do meu trabalho para formação de plateia, tocar em escolas, tocar nas ruas, para que num futuro próximo, esse público conheça o meu som, comece a se interessar por música instrumental, e quem sabe possa até ir me prestigiar em um show no teatro.

GM: O que te levou a seguir nessa carreira?

Foi um sonho!! Tinha 16 anos, sonhei que estava tocando um pífano (uma flauta de bambu) e que tocava em Londres (nem sabia soprar, e já fazendo turnê, rs). Contei esse sonho para um amigo músico, o Leandro Teixeira, que me arrumou um pife já na semana seguinte. Nunca mais parei de tocar!! Dessa história, já se passaram 16 anos, ainda não fui para Londres, mas só tenho a agradecer todas as oportunidades que a música me traz.

GM: Quais os pontos positivos e negativos de ser artista em Curitiba?

Não posso reclamar, pois nos últimos anos tenho trabalhado continuamente em diversos espetáculos de música e teatro por aqui. Acho que o principal ponto negativo é a falta de visibilidade que o artista curitibano ainda tem no mercado nacional. Existem excelentes trabalhos na cidade, que muitas vezes não conseguem circular fora de Curitiba. Ano passado, fui músico da turnê do Julião Boêmio com o Carlinhos Vergueiro por uma série de capitais brasileiras, chegava em um determinado ponto do show, Carlinhos apresentava a banda e em várias ocasiões o público se surpreendia ao saber que todos os músicos eram de Curitiba, até comentavam: “Nossa, eles tocam bem!!”. Sim!!! Tem muita gente boa por aqui, mas ainda não conseguimos sair do casulo.

GM: Qual a importância do Carlos Malta no seu trabalho?

Acompanho o trabalho do Malta desde as minhas primeiras notas (tinha uma fita K7 do pife muderno!!), depois fui pesquisar seu trabalho junto com a banda do Hermeto, seus discos solo. Até que descobri o CD Tudo Coreto, o qual ele gravou só com instrumentos de sopro e percussão, tipo banda de sopros, fanfarras, fiquei louca por esse trabalho, quase furei o CD de tanto ouvir. Todas as vezes que encontrava com o Malta, falava que gostava muito desse trabalho. Até que tive a ideia de mandar para o Edital do Paiol o show ” Sopros, tambores e arlequins” que misturava a música de coreto, circo e a comédia del’arte e chamar o Malta de músico convidado. O projeto foi aprovado e tive a oportunidade de dividir o palco com um dos artistas que mais admiro. Ele é uma das principais referências do meu trabalho. Para o ano que vem, está previsto a gravação desse espetáculo em DVD, no qual ele irá participar além de músico, como diretor musical.

GM: Como nasceu o projeto Sopros, palhaços e alegria?

Nasceu como uma vertente itinerante do Sopros, tambores e arlequins para levar a nossa arte aonde o povo está, através de pequenos cortejos e apresentações nos Núcleos Regionais da cidade de Curitiba. Nesse projeto, foi acrescentado mais dois artistas circenses ao trabalho. A dupla Marina Prado e Fábio Salgueiro realiza diversos números circenses enquanto tocamos os arranjos. Faz alguns anos que venho trabalhando em parceria com minha irmã Mariana Zanette em espetáculos que envolvem mais de uma linguagem artística. Gosto muito disso e vejo uma boa receptividade por parte do público.

GM: Como estão sendo as apresentações?

Estão sendo muito surpreendentes, cada dia em um lugar, para públicos bem distintos. Tocamos em feiras livres, nas ruas, evento para adolescentes, terminais. Semana que vem tocaremos numa caminhada para terceira idade e nos últimos shows tem participação do maestro Spok. Só alegria!!!!





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