Por Anderson Nascimento
“I´ve Found a New Way” canta Alex Kapranos na abertura do terceiro disco da banda escocesa Franz Ferdinand. Fazendo um vexatório trocadilho, bem que a abertura poderia ser “I´ve Found a New Wave”, mas o que importa? Se o próprio Alex disse à imprensa antes do lançamento que esse disco estava ainda mais dançante que o anterior, não seremos nós que vamos duvidar, só nos resta então comprovar.
A tendência das bandas em apostar nas pistas tem dado uma cara à segunda metade dos anos 2000. Foi assim com “The Killers”, “Kings of Leon”, “The Strokes” e o próprio “Franz Ferdinand”. Coincidências a parte, foi assim também na segunda metade dos anos setenta, preconizando o surgimento do Punk.
“Tonight: Franz Ferdinand” não poderia ter uma abertura melhor, “Ulysses” é empolgante, traz aquele festivo “Lá, Lá, lá, lá” em um ritmo que já tem a cara da banda. E é desse jeito que segue todo o álbum, com a cadência acelerada e batidas que remetem novamente à primeira metade dos anos oitenta, e nesse disco, os escoceses estão cada vez mais próximos do som new wave feito pelos Talking Heads na mesma época.
Enquanto na primeira música a banda convida-nos pra dançar e ficar chapados, a seguinte pega fogo. “Turn It On” é quente, e já na segunda música, consegue exprimir o auge do que a banda pretendia fazer com o conceito do álbum.
Se no álbum anterior “You Could have It So Much Better”, a banda sobrava com refrães e riffs marcando todo o álbum, nesse não temos tanto disso, mas por outro lado as músicas curtas desse álbum tornam o disco mais objetivo e urgente. Não que esse disco tenha esquecido completamente dos riffs, em “Can´t Stop Feeling” conseguimos ouvir uma guitarra com uma sequência marcante de notas que acompanham toda a música. Mas o que percebemos nesse álbum é realmente a objetividade.
O disco é tão pra cima e acelerado, que em uma primeira audição podemos até cometer o erro de não apreciar as preciosidades encravadas no álbum. “Twilight Omens”, por exemplo, é uma das músicas mais redondas já feitas pela banda, simplesmente perfeita! Em “Live Alone” um frenético ritmo dançante é apresentado em outro momento inspiradíssimo, a música ecoa uma batida que torna o simples ato de ficar parado em uma tarefa impossível. O refrão então é daqueles que você aprende a cantar e não para mais.
As três últimas faixas do disco dão uma nova cara ao disco. Em “Lucid Dreams” a banda entoa uma Jam eletrônica de tirar o fôlego e furar a caixa de som, uma verdadeira viajem em uma cadência ora sufocantemente voltada para pista de dança, ora violentamente lisérgica e psicodélica, resultando em uma música jamais feita na carreira da banda. Já “Dream Again” e “Katherine Kiss Me”, desaceleram o disco dando a impressão de propositalmente anunciarem o fim do disco, reduzindo o disco ao violãozinho da última música, uma balada acústica.
Também pudera, após a avalanche sonora e a energia gasta na pista de dança chamada “Tonight: Franz Ferdind” o descanso é mais que justo.