Resenha do Cd Beatles70 Vol.2 / Vários

BEATLES70 VOL.2 title=

BEATLES70 VOL.2
VÁRIOS
2010


Por Anderson Nascimento

Quando Paul McCartney anunciou o fim dos Beatles em 10 de abril de 1970, o mesmo já estava com o seu primeiro álbum “McCartney” pronto para ser lançado. George Harrison, que também já vinha gravando, iniciou oficialmente a gravação de seu álbum triplo “All Things Must Pass” logo assim que os Beatles acabaram oficialmente, lançando o álbum em novembro do mesmo ano. John Lennon, por sua vez, danado da vida, exorcizaria seus traumas e demônios com o disco “Plastic Ono Band” um mês depois. Já Ringo Starr, tirando os álbuns que gravou cantando Standarts (“Sentimental Journey”) e Country(“Beaucoups of Blues”), ambos lançados em 1970, teve o seu genuíno início somente em 1971 com o compacto “It Dont Come Easy”.

Esse é o quadro que o segundo volume do disco de releituras Beatles70 vem mostrar, ou seja, o início da carreira solo dos quatros fabulosos Beatles, agora simplesmente chamados de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr.

E novamente o resultado é interessante, pois retrata um punhado de canções que talvez representem os melhores momentos de cada ex-Beatle. Sim, ao longo da carreira solo de cada Beatle temos maravilhosos álbuns, só pra citar “Band on the Run”, “Tug of War” (Paul); “Imagine”, “Mind Games” (Lennon); “33 & 1/3”, “Cloud Nine” (Harrison). Mas nesse momento em especial, as feridas estavam expostas, era cada um por si, tentando provar que eram maiores que o próprio fenômeno Beatles.

Nesse contexto, um estrondoso vocal de Lobão abre o disco rasgando, tal qual Lennon, a canção “Instant Karma”, bem como a cantora Taryn que, usa e abusa de suas com fortes raízes no blues, jazz e soul, para fazer uma versão vigorosa de “Maybe Im Amazing”. Costurando esse cenário, Paula Marchesini manda uma tenra versão de “Junk”, tocada por Paul desde os tempos de Álbum Branco. Ainda na safra dos novos talentos, a jovem cantora paulista Twiggy, encara o desafio de cantar a melancólica “Isolation”, se saindo muito bem. Lia Sabugosa e Márcio Biaso também impressionam ao recriar a canção “What is Life”, uma das mais belas canções de George Harrison, recheada aqui de violões e guitarras ressonantes, em uma versão que vai surpreender o ouvinte.

As interpretações estão na linha tensa as quais as canções foram concebidas, o que exige de cada intérprete um cuidado ainda maior na hora de realizar as suas performances. O bacana da história é que, em nenhum momento, essas versões fogem dessa idéia. É assim com a bonita versão de Zeca Baleiro para “Mother”, e os sempre competentes integrantes do grupo “Roupa Nova”, com a canção “My Sweet Lord”.

Zé Ramalho, por sua vez, merece um parágrafo a mais nesse texto ao se levar em conta o que ele fez com a canção “Beware or Darkness” do George Harrison, criando um elo entre a densidade da canção original com a brasilidade da música nordestina. Já em “I Dont Come Easy”, única música do Ringo desse disco, ele foi além, criando um verdadeiro arraial com a canção, resultando em uma versão impagável e divertidíssima.

No fim das contas ratificamos a força da obra dos Beatles seja como banda ou em carreira solo, e (por que não?) cabe até imaginar como teria sido um disco dos Beatles realmente gravado em 1970. Se esse legado fabuloso foi produzido pelos quatro individualmente, imagina se essas canções tivessem sido gravadas por eles enquanto Beatles...sonhar não custa nada.

Resenha Publicada em 02/06/2010





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