Por Anderson Nascimento
O The Darkness é uma banda que desapareceu na mesma velocidade que se tornou conhecida. Seu primeiro álbum “Permission To Land” (2003) foi sucesso no mundo inteiro, vendendo milhões de cópias e ganhando diversos prêmios, entre eles, três Brit Awards: Melhor Grupo Inglês, Melhor Banda de Rock e Melhor Disco.
Tal fato, aliado à ascensão meteórica, levou a banda a exagerar no quesito cometer excessos, principalmente no caso do vocalista Justin Hawkins que chegou a ser internado para tratamento e recuperação em relação às drogas e álcool. O segundo disco da banda “One Way Ticket to Hell… and Back” (2005) foi um verdadeiro fracasso de vendas e considerado apenas médio pela crítica, o que levou ao fim do grupo no ano de 2006.
No início de 2011, porém, a banda surpreendeu a todos anunciando que estava voltando com a formação original para participar do “Download Festival”, e que possivelmente gravariam um novo CD de inéditas. O tal CD de inéditas se tornou “Hot Cakes”, disco que teoricamente tem a responsabilidade de levar a banda novamente para o seu lugar de destaque no Rock Britânico e mundial.
E o álbum reflete bem isso, um disco forte, conciso, e até poderoso. Que o diga a faixa de abertura “Every Inch Of You [Explicit]”, segundo single do disco, que aposta no Hard Rock de décadas atrás para servir de cenário para um refrão grudento e que certamente funcionará muito bem nos shows.
Falando em décadas atrás, nunca foi segredo para ninguém a influência do Queen no som do grupo, mas nesse novo álbum parece que a banda resolveu apostar ainda mais nessa linha, e explicitamente colocar doses cavalares do som da banda de Freddy Mercury. Quem duvida é só ouvir “Nothin’s Gonna Stop Us”, uma das melhores faixas do disco, mas obviamente inspirada em “Don´t Stop Me Now” do Queen. O mesmo ocorre em vários outros momentos, como por exemplo, “Keep Me Hangin’ On” e na ótima “Everybody Have a Good Time”, primeiro single do álbum.
Mas o disco também consegue urdir o Rock básico ao Glam, chegando a lembrar Roy Orbinson (fase 80´s) em “She Just a Girl, Eddie”, e Electric Light Orchestra (ELO) em dois momentos, “Forbbiden Love” (fase 80´s) e “Concrete” (fase 70´s).
Faixas como “Whith a Woman”, apesar de serem bastante calcadas no Rock pesado, possuem destaques em suas melodias e arranjos, sempre investindo em backing vocals bem azeitados, e no indefectível falsete do vocalista que inclusive, em alguns momentos dessa arquitetura sonora, acaba salvando determinadas canções, como é o caso da baladão hard “Living Each Day Blind”.
No fim do disco a banda faz “Street Spirit (fade Out)”, um cover da banda Radiohead, velha conhecida dos shows do Darkness, que quis eternizar a música em uma pesada versão em estúdio, e encerra o disco com a boa “Love Is Not The Answer”, que sinceramente o seu refrão me lembrou “Love Changes All”, novamente do ELO.
Se o Darkness queria provar ao mundo que ainda há espaço para a banda, com esse álbum isso ficou claro que é possível, pois a banda caprichou e entregou um disco digno de uma grande banda de Rock.