Resenha do Cd Para Detonar A Cidade / Jorge Mautner

PARA DETONAR A CIDADE title=

PARA DETONAR A CIDADE
JORGE MAUTNER
2014

DISCOBERTAS
Por Anderson Nascimento

Em mais um lançamento histórico, o selo carioca Discobertas acaba de colocar nas lojas o registro “Pra Detonar a Cidade”, elo perdido na carreira de Jorge Mautner, apresentando uma rara gravação ao vivo do escritor, compositor e cantor.

Além do ineditismo, esse disco também contextualiza uma dos momentos mais importantes na carreira do artista, recém-chegado de um longo exílio que passou por Londres e Nova Iorque, o artista registrou o show em 1972 - datas e locais são desconhecidos - pouco antes da gravação do que viria a ser o seu primeiro disco “Pra Iluminar a Cidade”.

Acontece que nem todas as canções desse show foram registradas no disco que se deu a seguir, o que fez com que as canções “Roses From Baghdad”, “Louca Curtição”, “Chave de Um Perdido Paraíso”, “Magic Hill”, “Medonho Quilombo” e “Salve Salve a Bahia”, permanecessem inéditas e esquecidas, algumas até tiveram que ser batizadas durante a idealização desse projeto.

Mesmo perdidas há tanto tempo, a qualidade da gravação é boa, e as canções, arranjadas de forma simples (porém longe de simplórias) por Nelson Jacobina, possuem violões, percussão, baixo, e o bandolim e violino do próprio Mautner.

O disco vai brindar o ouvinte com maravilhas como “Quero Ser Locomotiva”, faixa que abre o CD1, e trafega entre o lirismo de caminhos mais curtos como “Chuva Princesa” ou de longas viagens como na progressiva “Estrela da Noite”.

Jorge também subverte o Rock and Roll misturando na mesma panela “Tutti-Frutti” (Little Richard) e “Jambalaya” (Hank Williams) com duas canções suas “Roses From Baghdad” e “Anjo Infernal”, em quatorze minutos de uma levada bem particular.

Até mesmo canções de temática Afro-religiosas, caso de “Agô-lê” (Ataulfo Alves), e regional, como os casos de “Boi de Carro” (Anacleto - Tinoco) e de “Do Lado Que o Vento Vai” (Raul Torres), esta última integrando um medley com a reprise da sempre ótima “Quero Ser Locomotiva”, se misturam à curtição daquele intenso início de década.

Entre as “novas” faixas, os destaques ficam para a primorosa “Medonho Quilombo”, faixa que poderia estar em um álbum dos Mutantes, e “Salve Salve a Bahia”, uma das faixas mais legais do álbum.

“Para Detonar a Cidade” é (literalmente) um achado, um álbum que ajuda a contar a história do artista através de seu “marco zero”, de onde partiria para uma interessante obra fonográfica, que chega agora ao décimo álbum.

Resenha Publicada em 06/05/2014





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