Por Anderson Nascimento
Após cinco anos sem gravar um álbum de inéditas, Raimundo Fagner lançou em maio deste ano, pela Sony Music, o agradável “Pássaros Urbanos”, seu 37º disco. O disco é agradável em todos em sentidos, desde a bela capa, com ilustração assinada pelo poeta Fausto Nilo, encarte com as letras e créditos, até o generoso preço, já que chegou às lojas por menos de vinte pratas.
Mas falando em música, “Pássaros Urbanos” vai agradar o ouvinte como álbum. O bom disco tem sabor que remete aos álbuns do próprio artista lançados na década de oitenta. Talvez uma boa aposta para essa sensação comece pelo fato de o disco ser produzido e ter duas canções (co)assinadas pelo hitmaker da década de oitenta Michael Sullivan. Uma dessas canções - e já sucesso - “Tanto Faz” (Michael Sullivan, Anayle Lima), é uma das melhores gravações de Fagner em anos.
For isso, o disco também remete à década por arranjos redondos e, às vezes, simples, caso de “Arranha-céu” (Fausto Nilo, Michael Sullivan), a outra faixa de Sullivan no disco. Outros ingredientes completam essa óbvia associação, caso da inclusão de releituras, entre elas, a bela releitura para “Paralelas” (Belchior), e de odes ao nordeste, casos de “No Ceará é Assim” (Carlos Barroso) e “Samba Nordestino” (Zeca Baleiro, Fagner), que ganha participação de Zeca Baleiro.
Entre as canções (co)escritas pelo próprio Fagner, destacam-se “Se o Amor Vier” (Fagner, Clodo Ferreira), faixa que abre o disco, e uma das melhores do álbum, e “Toda Luz” (Zeca Baleiro, Fagner), segunda faixa do disco assinada pela dupla Baleiro-Fagner, mas que carrega toda a pinta de canção do primeiro.
“Pássaros Urbanos” é um daqueles álbuns para ouvir e reouvir, trata-se de uma obra que não está entre os melhores álbuns do artista, mas que é digna do talento e da história desse artífice de nossa música popular.