Resenha do Cd No Fixed Adress / Nickelback

NO FIXED ADRESS title=

NO FIXED ADRESS
NICKELBACK
2014

WARNER MUSIC
Por Fabio Cavalcanti

Quando se fala nos canadenses do Nickelback, uma coisa é certa: graças a ótimos hits e pelo menos três álbuns marcantes, os caras já tem seu lugar garantido no futuro "rock clássico dos anos 2000". Vou ainda mais longe e digo que o Chad Kroeger e seus comparsas são os reis do chamado "pós-grunge genérico". Porém, como ocorre com qualquer banda comercial em um momento de baixa - nesse caso, após o desgaste criativo e vendas medianas do álbum "Here and Now" (2011) -, as mudanças sonoras para o álbum seguinte seriam inevitáveis.

Em um 2014 marcado pela contínua queda comercial do rock, o Nickelback lança o seu novo álbum, intitulado "No Fixed Address". Pelo visto, os empresários do quarteto se julgaram espertos na crença de que teriam sucesso com uma fórmula mais pop/rock do que qualquer outra coisa feita pela banda em seus álbuns anteriores. Ledo engano, meus caros! O que temos aqui é um grupo de músicos mais perdidos do que surdo em bombardeio.

As faixas "Million Miles an Hour" e "Edge of a Revolution" abrem o álbum com uma produção "lisa" e inofensiva até demais, além de ainda mostrar o desgaste criativo das músicas mais fracas do trabalho anterior. Já a balada "What Are You Waiting For?", ironicamente lançada como single principal, traz um sentimento semelhante ao de experimentar um delicioso açaí insosso de 2 reais feito em um bar. Minha nossa senhora, o que é essa coisa?

Daí para frente, já temos uma ideia da proposta sonora do disco, sempre focada em baterias que tentam soar tão modernas quanto as programações eletrônicas das músicas pop atuais, e em vocais com as mesmas quebras e cortes irritantes que podemos encontrar em um single da Rihanna, por exemplo. Não acredita? Escute a dançante "She Keeps Me Up" e tire suas conclusões de como uma música poderia ser melhor se soasse mais "old school"...

Tentar encontrar alguma substância nas horrendas baladas "Satellite" e "Miss You" chega a ser uma atividade mais inútil do que montar uma sauna no meio do deserto. Por sinal, ao longo do álbum, você terá memorizado uma progressão de acordes que foi utilizada em pelo menos três músicas anteriores - algo semelhante ao que sentimos após ter escutado duas músicas de sertanejo universitário na sequência.

Agora, vamos aos poucos destaques do disco: o rock cru "Get 'Em Up", a safadeza sônica bem sacada de "Got Me Runnin' Round" e as interessantes levadas diferenciadas de "The Hammer's Coming Down" e "Sister Sin". Tais músicas nos dizem apenas que o Nickelback teria encontrado uma boa fonte de renda em uma vertente mais ousada e alternativa.

Concluindo, em "No Fixed Address", o Nickelback mostra que, após uma boa carreira em cima de um modelo que atingiu seus picos nos ótimos álbuns "Silver Side Up", "The Long Road" e no criminalmente injustiçado "Dark Horse", já estava sim na hora de uma mudança de direção. Porém, se os fãs não suportam mais o antigo formato pós-grunge, e o ouvinte comum atual não quer saber de um grupo de "velhos feios" em seus mp3 players, então fica a pergunta: quem é que teria interesse em escutar um Nickelback mais pop? Bem... quase ninguém!

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Publicado também no blog do autor Rock em Análise

Resenha Publicada em 25/11/2014





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