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Galeria Musical

Artista do Mês - 07/2010

SUB ROSA
Este mês apresentamos a banda Sub Rosa, que vem da cidade de Betim, Minas Gerais, apresentando um genuíno Rock Progressivo, com forte influência de Pink Floyd, além de outros artistas do gênero. Descubra mais sobre a banda que emocionou a nossa redação.

Conheça o Artista

    THE GIGSAW
    2010
    Por Anderson Nascimento
    baixe aqui o CD Gigsaw



    Aos primeiros passos ouvidos na faixa que abre “The Gigsaw”, primeiro álbum do grupo mineiro Sub Rosa, a curiosidade em torno do que está por vir nos próximos momentos do álbum vai crescendo ao passo que o disco vai avançando.

    Não obstante, a expressão latina “Sub Rosa” é utilizada nos países de língua inglesa para se referir à segredo ou confidencialidade. O nome do disco, como bem explica a banda, é derivado das palavras inglesas Gig (concerto) e Jigsaw (quebra-cabeças), com isso a banda já deixa claras pistas de que o som da banda beira a uma interessante jornada de descobrimento rumo aos mistérios e temática em torno do álbum, ou seja, vida.

    A banda Sub Rosa iniciou a carreira em 2006, na cidade de Betim, em Minas Gerais e, de lá pra cá, passou por diversas formações, até chegar à que gravou o CD, que conta com Reinaldo (baixo), Igor (guitarra), Glaydston (voz), Márcia (voz), Bárbara (bateria) e Álvaro (teclados).

    Mesmo sendo o seu primeiro álbum, há de ser ressaltada a coragem da banda em lançar um álbum conceitual e progressivo, referenciando um tipo de som oriundo dos anos sessenta e fortemente utilizado por bandas como Pink Floyd e Alan Parsons Project nos anos setenta.

    Após dez minutos de uma enigmática introdução, a banda desfila os primeiros versos da canção “Symtoms Of Life”, que provocam uma tempestade que introduz a curta pinkfloydiana “Igneous Vortex Dancer”. Aliás as conexões entre as faixas, e os encaixes desse grande quebra-cabeças são o grande barato do álbum, que alia um trabalho conceitual com canções de uma beleza profunda, tocadas de maneira excepcional.

    É o que podemos ouvir em “Enslavement of Beauty”, terceira faixa do disco, que usa um vocal feminino para interpretar uma linda faixa que mescla a beleza de sua interpretação com a agonia de sua letra. Já na sequência, em “Equinox”, as vozes de Glaydston e Márcia Cristina se unem para interpretarem um ato formado pelas quatro estações do ano, introduzindo o primeiro momento instrumental do disco na canção “Amok”, recheada de sons provenientes e efeitos tensos que engrandecem a canção.

    Combinando momentos tensos com obscuros, como é o caso de “Your Eyes”, a banda consegue contar a história do disco incluindo até mesmo momentos com sonoridade mais pop, como é o caso de “The Order”, canção que abre para outro momento instrumental “Zeitgeist”, que traz um Rock com tons jazzísticos fundidos com sintetizadores, em um dos momentos mais bacanas do álbum.

    Apesar das faixas se encaixarem dentro de um conceito, algo também relevante no disco da banda é o fato de as faixas conseguirem, apesar disso, serem independentes umas das outras, com vida própria, tendo a possibilidade de poder serem ouvidas isoladamente. Um caso que exemplifica bastante isso é na canção “Window´s Daughter” com uma bela cama de sintetizadores acompanhando uma inspirada sequência. O mesmo ocorre com “The Mirror”, dividida em quatro atos, que é outra faixa que poderia funcionar bem em qualquer ambiente fora desse disco, e tem algo de “Sgt. Pepper” (Beatles) em sua performance. Mais um resultado inspiradíssimo da banda, novamente posicionando-a entre as melhores do CD.

    A banda também acerta ao criar as duas partes de “The Last Ride”, uma tensa jornada progressiva que prepara o ouvinte para o iminente encerramento do álbum. Falando em fim, após a bela “Fatality Show”, a banda mostra novamente ser brilhante encerrando o álbum com uma variação de “Symtoms Of Life”, mesma faixa que iniciou o disco. O espetáculo então chega ao fim.

    “The Gigsaw” é um grande exemplo de que há no Brasil bandas de todos os estilos, para todos os gostos e, o melhor disso tudo, que faz música com qualidade e requinte que não deixa nada a desejar para os melhores trabalhos do gênero.

    O que difere o som do Sub Rosa de outras bandas embasadas no Rock Progressivo, e á palatividade de seu som, que passa longe de álbuns que se escoram em longos solos de teclados ou guitarra, que acabam por entediar o ouvinte. Isso não acontece com a banda que, ao contrário disso, consegue prender o ouvinte na execução do álbum fazendo com que os seus sessenta e dois minutos passem rápidos, como um filme que assistimos e já sabemos que vamos assití-lo outra vez.


Contatos



Entrevista

    Galeria Musical: Quanto tempo levou entre a banda pensar no conceito desse álbum, compor e gravar as músicas?


    Sub Rosa: O conceito nasceu do Reinaldo (baixista/vocal), muito antes de a Sub Rosa existir. Foi na primeira metade da década de 90. A primeira música composta dentro deste conceito foi Enslavement of Beauty, que também foi a música que mais sofreu alterações. As composições só terminaram dentro do estúdio. Fatality Show, por exemplo, só foi composta um dia antes de ser gravada. Symptoms of Life só podia ser composta depois de todo o disco estar gravado, e assim aconteceu. Enfim, foi um processo planejado para ser lento, paulatino... Tinha que ser assim.


    GM: Essas idéias já vieram prontas ou o processo de dar forma ao conceito do álbum aconteceu ao longo das gravações?
    SR: A idéia já estava pronta, então durante o processo de gravação só tivemos mudanças em questão de compor algumas coisas diferentes, rearranjar outras... Coisa de produção, mesmo. Mas a idéia, a linha guia, esta se manteve inalterada.


    GM: No cenário progressivo, quais são as bandas que estão se destacando no momento?


    SR: Isso depende de que progressivo estamos falando. Por exemplo, no Metal Progressivo, temos o Dream Theater e o Pain of Salvation que constantemente lançam novas mídias no mercado. Já dentro do Rock Progressivo, que está mais próximo do que fazemos, quem mais vem se destacando são os dois ex-Pink Floyd, Roger Waters e David Gilmour, sendo que continuam lançando material inédito e fazendo turnês gigantescas. Roger Waters, por exemplo, está para começar a excursionar com o espetáculo The Wall, que é um presente para os fãs de rock progressivo de todo o mundo. Já ouvimos falar até de um estilo chamado progressivo dentro da música eletrônica...


    GM: Quando se fala em Rock Progressivo, o Pink Floyd vem logo à cabeça, mas quais são as outras grandes referências desse estilo para a banda?


    SR: Como cada membro da banda vem de cenários musicais diferentes, cada um tem influências muito diferentes, sendo o único som em comum aquele que fazemos quando tocamos juntos. Citar as influências individuais tornaria a lista quilométrica.


    GM: A idéia do quebra-cabeça de onde saiu?


    SR: Veio da busca pelo não-óbvio. A idéia: Transformar uma obra fonográfica em algo muito além do que simplesmente uma mídia num invólucro com imagens diretas. O que o ouvinte precisa fazer para compreender The Gigsaw, assimilar, absorver é muito simples: Juntar várias peças com encaixe perfeito e único, porém embaralhadas e espalhadas (nas músicas, nas letras, na arte gráfica, etc), para formar uma imagem final.


    GM: Vocês acham que as pessoas entenderam da forma como a banda imaginou?


    SR: De maneira geral, as pessoas têm tentado “montar” este quebra-cabeça, mas ainda não apareceu para nós nenhuma montagem conclusiva. Porém o mais importante é a tentativa de montar, buscando as pistas nas músicas, no encarte... é muito divertido!


    GM: Vocês acreditam que haja outras interpretações para o conceito do álbum?


    SR: Sim, claro! O número de interpretações possíveis é proporcional ao número de pessoas que tentam decifrar The Gigsaw.


    GM: Alguém já trouxe uma idéia bem diferente do que vocês imaginaram?


    SR: Nossa... e como!!! Mas o mais importante, como dissemos, é a tentativa. É uma experiência que vale muito a pena. Tanto quanto vale a pena ouvir The Gigsaw com fones de ouvido, no volume máximo, ou no escuro, ou acompanhando o encarte... O disco foi feito exatamente para isso.


    GM: No caso das apresentações da banda, vocês aliam sensações com música, isso é muito positivo e marcante, mas exige muito esforço de produção e etc. Vocês sentem que o retorno do público é o esperado pela banda?


    SR: De uma maneira geral, o público assimilou bem a proposta do show, chegando alguns a perceber e/ou entender alguns detalhes bem sutis. Isso é muito positivo e mostra que o público está atento ao nosso trabalho. Só temos a agradecer e trabalhar cada vez mais e melhor para satisfazer este público. Afinal, não tem muita gente lançando álbuns conceituais ultimamente, principalmente fora do Metal, e o público que admira álbuns conceituais tem nos dado uma excelente resposta.


    GM: Essa idéia conceitual vai se estender para o próximo álbum?


    SR: Sim, mas o próximo disco, 11:11, trará um conceito totalmente diferente de The Gigsaw.


    GM: Algumas pessoas têm certa resistência ao Rock Progressivo porque muitas das canções não são tão acessíveis. No caso de vocês, acho o contrário. À medida que as canções vão se encaixando, mais cresce a vontade de prosseguir na audição. Como vocês encontraram esse meio-termo entre o progressivo e o palatável?


    SR: Em primeiro lugar, muito obrigado pelas palavras! São comentários assim que fazem todo o trabalho empreendido valer à pena! Talvez esse meio termo ocorra devido a uma questão de influências. Já que a banda recebe influências desde canções super simples até composições puramente técnicas, o resultado disso acaba sendo o meio termo.


    No fim das contas, o Rock Progressivo, originalmente, gerou músicas incríveis, maravilhosas, com harmonias muito simples, que as tornam muito agradáveis de se ouvir. Infelizmente, ainda há quem pense que Progressivo é sinônimo de músicas inacessíveis, e lançam discos que funcionariam muito bem em um workshop, mas que não somam em nada à evolução do principal, que é a Condição Humana.


    GM: Quais os próximos planos da banda?


    SR: As metas a curto prazo seriam, primeiramente, divulgar mais nosso trabalho lançado a pouquíssimo tempo, The Gigsaw, tocar para o maior número possível de pessoas e fechar com uma boa produtora. Estamos desenvolvendo um trabalho cênico, teatral, que consolidará ainda mais o conceito de The Gigsaw. Aguarde! E estamos trabalhando na parte conceitual e composição de nosso próximo disco, 11:11.


    GM: Pensam em curto prazo em algo em torno de imagem, DVD, ou apresentação em TV?


    SR: Ainda não está em nossos planos diretos, por exemplo, gravar um vídeo clipe ou um DVD, mas pode ser que aconteça por força de alguma oportunidade que surja. Já apresentação em TV ou qualquer outra mídia comercial, apesar de não termos nada em vista, poderá ser uma realização a longo prazo. Isso é, se ninguém nos convidar a curto prazo...


    GM: O Galeria Musical deseja sucesso para a banda e que vocês sigam firme nessa labuta. Eu gostaria que deixassem alguma mensagem para os nossos leitores.


    SR: Muito obrigado, Anderson! De coração! Parabéns pelo seu trabalho na Galeria Musical. Pra finalizar, só temos que agradecer por tudo que a banda tem alcançado em tão pouco tempo de estrada. Agradecer a cada um que tem contribuído com nosso trabalho, a Jamie... sem palavras por tudo que ela faz! A Iara, que fez o site pra nós e dá uma grande força lá em São Paulo! Em Betim, os vários parceiros de caminhada, que seria até injusto citar pois podemos esquecer algum (sem o clichê de “vocês sabem quem vocês são”. É medo de esquecer alguém, mesmo)... Poxa! Tudo tem se mantido justo e perfeito por termos tantas pessoas iluminadas ao nosso redor. Somos felizardos, pois, enquanto banda, temos muito que agradecer, de um integrante para outro integrante. Quem quiser adquirir nosso material, cd, camiseta, adesivo (novidade); quem quiser contratar o show, ou qualquer outro contato: www.subrosa.com.br, [email protected], ou (031)91946271.


    Convidamos a todos os que ainda não conhecem nosso trabalho para aceitar o desafio que lançamos: Ouçam The Gigsaw. Garantimos que é uma experiência, no mínimo, interessante.


    Ele está disponível para download em vários lugares, com arte gráfica e tudo o mais que precisarem.


    Mais uma vez finalizando uma entrevista ao modo do grande Fábio Shiva, gostaria de lembrar a todos a frase que está inscrita no pórtico de entrada do Oráculo de Delfos, na Grécia: “Gnothi Seauthon”. “Conhece-te a ti mesmo”!


    Responderam esta entrevista:
    Reinaldo (baixo/voz e compositor e idealizador de The Gigsaw), Al (sintetizadores e voz) e Bárbara (bateria e percussão).

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