Um clima sorturno adentra quase um minuto e meio na canção de abertura do álbum “Breu”, que também dá nome ao oitavo álbum da banda Lestics, importante grupo da cena musical independente paulistana.

Dono de uma discografia que passa por diversas nuances sonoras, mas com certeira preservação de sua identidade, o Lestics acerta novamente, agora com novas sete canções em vinte e sete minutos de música.

Desde a ideologicamente pesada faixa de abertura, até a deliciosa ode a ociosidade de “Far Niente”, o disco desfila momentos de grande qualidade. “Mais do Que Isso”, por exemplo, tem melodia e letra interessantes, que passeiam por painéis cotidianos e questionamentos sobre o valor desse mesmo cotidiano.

“Balada do Fundo do Mar” traz aquelas ideias centrais tipicamente presentes na obra da banda e, quem acompanha o trabalho do grupo, vai se identificar rapidamente com a canção, que é, sem dúvida, a melhor deste novo trabalho. “Garçom deixe o mundo acabar, mas não deixe o meu copo vazio”, é um dos melhores versos de todo o álbum.

Instrumentalmente o disco segue a costume da banda em cuidar meticulosamente deste quesito. “Dois”, por exemplo, tem riff e versos insistentes, o que sublinha as intenções musicais da canção, enquanto “Do Jardim” tem pegada pop/Rock arejada, inclusive com interlúdio roqueiro bacana, e grande intenção instrumental.

Outro destaque é “Fim de tarde nas ilhas Bikini”, canção que traz uma paisagística visão das Ilhas Bikini, salvo pelos efeitos das bombas dispensadas sobre o arquipélago como narra a canção. O disco finaliza com a ode à ociosidade despreocupada da bela “Far Niente”.

A voz de Olavo, a riqueza instrumental, as letras tão peculiares e ineditistas do grupo fazem deste rebento mais um trabalho de qualidade, que precisa ser ouvido com atenção, e que acertadamente cumpre as expectativas sempre positivas quando o grupo lança um novo trabalho.