Resenha do Cd K2.0 / Kula Shaker

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K2.0
KULA SHAKER
2016

IMPORTADO
Por Valdir Junior

Quando a banda inglesa Kula Shaker surgiu em 1995 no auge do Brit Pop com sua música transbordando misticismo oriental, mantras, letras em sânscrito, guitarras nervosas com riffs pegajosos, melodias e harmonias muito pops com uma pitada de Beatles e Yardbirds pairando no ar e um frescor cheirando a incenso, parecia que a psicodelia dos sixties voltava renovada. O fantástico e energético álbum de estreia “K” foi tanto sucesso de crítica como de vendas, fazendo até Noel Gallagher elogiar o disco e a banda em entrevistas pelo mundo afora.

De lá para cá a banda teve uma trajetória bem errática, com pausas, fins e retomadas, seguida de novas e longas pausas, mesmo assim o Kula Shaker conseguiu construir uma pequena e representativa discografia a qual no decorrer dos álbuns acrescentou ao seu caldeirão musical boas doses de progressivo, Vaudeville e Folk, que acabou se tornando a banda quase como um “paraíso perdido”, uma shangrila, no meio do pop rock mundial.

Depois do lançamento do álbum “Pilgrims Progress” de 2010 e de uma relativamente curta turnê pela Europa e Ásia, a banda entrou novamente em recesso, muito em virtude do vocalista e guitarrista Crispim Mills querer se dedicar mais a sua carreira como produtor de cinema nesse período. O Kula Shaker retorna agora com seu quinto e novo álbum, “K 2.0”, e a intenção de voltar as suas origens musicais.

Já na primeira faixa “Infinite Sun”, com sua introdução de cítara, somos envolvidos num mantra-pop, cheio de alegria e swing que nos contagia, nela podemos ouvir ecos do melhor que George Harrison fez tanto nos Beatle como em sua carreira solo, faixa revigorante que foi escolhida como primeiro single do álbum e rendeu um vídeo clip bem legal.

Diferentemente do primeiro álbum, em “K 2.0” o Kula Shanker foi bem econômico no som da guitarra de Crispim Mills, no álbum ela aparece com destaque em apenas quatro faixas, a já citada “Infinite Sun” e em “Holly Flame”, “Here come my Demons” e “Get Right Get Ready”, três boas faixas em que Mills capricha em arranjos robustos de guitarra, cheios de delays, reverbs e distorção, por sinal, são essas as faixas que mais lembram o som inicial do Kula Shaker.

Nas outras faixas de “K 2.0” o Kula Shaker se ancora em musicas mais folks, com a sua já habitual mistura de arranjos, onde cítaras e tablas, Órgãos, Mellotron, Piano e coros criando texturas para letras que destilam alegria, ironia, filosofia de vida e uma importante e dirigida crítica cínica a todos nós e ao mundo em que estamos vivendo em faixas como “Death of Democracy”, “33 Crows”, “Oh Mary” e “Mountain Lifter”.

Produzido pelo Guitarrista Crispiam Mills e o baixista Alonza Bevan “K2.0” é a prova do amadurecimento musical da banda em composições fortes, que podem até não possuírem o frescor do rock psicodélico revigorado de “K”, mas convencem e se sustentam em sua vontade de continuar a produzir uma música peculiar que pode não agradar e chegar aos ouvidos de todos, mas é essencial para continuar fazer a roda da vida girar e as mensagens desses mantras-pops se conectarem com o eu interior de todos nós.

Resenha Publicada em 07/03/2016





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