Resenha do Cd 21st Century Breakdown / Green Day

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21st CENTURY BREAKDOWN
GREEN DAY
2009


Por Leonardo Werneck

O lançamento do oitavo disco do Green Day, 21st Century Breakdown, permite dividir a carreira da banda californiana em duas fases: na primeira o trio se firmou como o maior grupo de pop punk do mundo, e na segunda se tornou uma banda de rock que não se restringe ou se encaixa em subgêneros musicais e mistura influencias diversas para criar um som pesado, mas fácil o suficiente para lotar estádios pelo mundo. Ao contrario do que se possa imaginar, a primeira fase da banda é mais relevante ao transpirar energia adolescente e sinceridade, do que a segunda ao tentar abraçar o mundo.

21st Century Breakdown foi claramente concebido como uma continuação do sucesso de cinco anos atrás, American Idiot, e narra (da mesma forma frouxa que o anterior) uma história com personagens desajustados e perdidos nos EUA da Era Bush. Em muitas das faixas, no entanto, fica difícil entender porque a narração do conto foi interrompida por um comentário político-social da própria banda, e como isso se relaciona com a história de Christian e Gloria (nomes com duplo sentido meio óbvio, aliás).

Para piorar, a maneira que o Green Day encontrou para falar sobre tais temas lembra cada vez mais a pregação messiânica de Bono Vox do que o protesto acadêmico do Bad Religion ou a crítica acida e divertida do NOFX.

Musicalmente o álbum é bem melhor, ainda que se sinta a falta dos pop rocks que fizeram a banda famosa mundo afora. Entre as 18 faixas, apenas “Murder City” lembra o antigo Green Day do início ao fim. Mas o trio acertou ao trabalhar melhor as músicas de modo que pareçam canções com várias passagens ao invés de várias canções coladas umas nas outras. Talvez por isso, apenas duas delas ultrapassem os cinco minutos de duração, grindcore perto das músicas de nove minutos de American Idiot.

As melhores músicas do álbum são exatamente as que mais se distanciam do caráter épico pretensioso da ópera rock. A pesada “Christians Inferno” se sai muito bem experimentando efeitos, distorções e uma pegada mais industrial. Já “Peacemaker” surpreende com suas influencias latinas. Em “Last Of The American Girls”, a banda se dá bem ao incorporar o espírito pop e dançante de Weezer e Fountains of Wayne.

“The Static Age” e “See The Light” também não fazem feio entre as faixas mais típicas da nova fase da banda. Em outro campo musical, “!Viva La Gloria!” e sua irmã “?Viva La Gloria? (Little Girl)” (sim, eram para ser sinais invertidos como em espanhol), misturam pianos e inícios calmos com rocks vigorosos que a banda faz tão bem. A segunda poderia até ser uma das melhores faixas de Warning, de 2000.

21st Century Breakdown escancara ainda as influencias britânicas do compostor Billie Joe. Se na primeira fase da banda, Ramones, Buzzcocks e Husker Du eram referencias nítidas, aqui se percebem melodias típicas dos Beatles, Kinks, The Who e até Queen. A bonita balada “Last Night On Earth” é consequencia direta disso, assim como a faixa título, excessivamente épica e pouco empolgante ao mesmo tempo.

O afastamento proposital do punk rock também permitiu que Billie Joe arriscasse notas e interpretações vocais nunca antes tentadas pelo grupo, como em “21 Guns” e “Before The Lobotomy”, ambas esquecíveis. Já “Horseshoes And Handgrenades”, que abre o terceiro ato da opera rock, deveria ter sido esquecida pela banda. O trio é talentoso e tem história suficiente para escrever músicas melhores do que uma cópia barata de “Main Offender”, dos suecos do The Hives.

Entre altos e baixos, o Green Day produziu mais um bom álbum, que provavelmente venderá outros muitos milhões de cópias e deixará os antigos fãs esperando mais alguns anos por faixas simples e inesquecíveis como “Welcome To Paradise”, “Christy Road”, “Basket Case”, “Walking Contradiction” e “Nice Guys Finish Last”.

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Resenha publicada originalmente no blog Rock and Cigarettes

Resenha Publicada em 11/02/2010





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