Resenha do Cd Album 2009 / Pão De Hamburguer

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ALBUM 2009
PÃO DE HAMBURGUER
2009


Por Rafael Correa

Curitiba é, de acordo com as mais variadas opiniões versadas ou simples ditados populares, uma cidade de clima e povo frios. O céu, por vezes cinza, parece não abrigar muitas coisas, além daquelas mesmas coisas que, de tão repetidas, já são conhecidas até mesmo pelas gerações futuras. No entanto, basta botar apenas um pé na noite da cidade para saber que estas informações não passam de mitos previamente estabelecidos: Curitiba é, em todos os termos, sinônimo de diversão e criatividade.

Foi deste duplo conceito que surgiu uma das melhores bandas da nova geração de grupos roqueiros curitibanos. Ainda como trio, o “Pão” (como é carinhosamente chamado pelo público da cidade) procurava um nome que, provisoriamente, sintetizasse o espírito descontraído do grupo e, das guloseimas consumidas durante os primeiros ensaios, é que o nome surgiu. O que era para ser provisório acabou por se tornar eterno: e, hoje, em Curitiba, se algum deles ousar a mencionar a idéia de trocar o nome do grupo, colocará certamente sua segurança em risco.

Desde 2005, a banda amadureceu consideravelmente. Atualmente, o Pão conta com 5 integrantes que canalizaram e aperfeiçoaram ainda mais o som construído no início da estrada. Sustentado em três guitarras que se complementam perfeitamente e em uma invejável combinação de baixo/bateria, o grupo entrou em estúdio no último ano para registrar algumas das melhores canções da banda.

Quanto as canções, basta ouvirmos "Oh Pai!", primeira faixa do “Álbum 2009”, para confirmarmos a relevância do quinteto. Os versos calmos sentenciados por Gabriel Fausto mesclam-se perfeitamente às linhas produzidas pelas guitarras de Joel Rocha e Leonardo Bokermann que, conduzidas a galope pelas baquetas de Rennan Fróis, atracam na explosão sonora que abrilhanta a canção. A partir daí, o rock n roll é quem dita o rítmo da faixa.

"Sr. Dalí", cuja intro relembra o blues adaptado ao hard rock setentista, é uma verdadeira pintura. A letra, que de início apresenta poucos versos com significação no sense, vai se desenvolvendo e ganhando contornos de lirismo. É também nesta canção que percebemos outra qualidade da banda: a de trabalhar, em uma mesma canção, com diversas musicalidades em compassos divergentes. Se o seu início nos remete ao blues representado por um solo intermitente conduzido por uma base abafada (que gradativamente vai aumentando de cor e densidade), após dois minutos de duração surge a conversão do compasso para uma levada concisa dominada pelo fraseado seco das seis cordas, sempre condensada pela densa sonoridade das 4 cordas de Brunno Fróis. E, não obstante, no minuto seguinte ocorre outra troca de compasso, mais acelerado, para que os solos se desenvolvam no terreno fértil do hard rock. São exatos 5:26 minutos de excelente construção musical.

Por sua vez, "Ontem e Hoje" (que conta com videoclip produzido pela escola de cinema do Centro Europeu) é umas das canções mais perspicazes, tanto pela letra singular que versa sobre a eficácia e relatividade que o tempo tem sobre nós, como pela musicalidade, que segue pela mesma trilha marcante das demais canções, oferecendo ao ouvinte um momento de reflexão e deleite.

Quando o álbum chega ao fim, o ouvinte certamente evidenciará, ainda que em silêncio, uma perene satisfação; satisfação essa representada por excelentes canções compostas e executadas por uma das melhores bandas de Curitiba, responsável por “reaquecer” a cena da cidade. Ao ouvir o Pão, temos duas garantias em vista: diversão e boa música, independente de rotulações desnecessárias. Já é mais do que suficiente.

Você pode baixar o cd da banda aqui.

Resenha Publicada em 28/04/2010





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