Resenha do Cd Driving Rain / Paul Mccartney

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DRIVING RAIN
PAUL MCCARTNEY
2001


Por Anderson Nascimento

O primeiro álbum deste novo milênio de Paul McCartney tem uma razão especial de existir: o ex-Beatle estava novamente apaixonado. "Driving Rain", marca o início do romance, que deu em casamento, com a ex-modelo Heather Mills. E se "Flaming Pie" era um álbum genial, porém, envolto de tristeza devido à iminente morte de Linda McCartney, "Driving Rain" é muito mais rockeiro, é, na verdade, um renascimento do gênio Paul McCartney.

De forma proposital Paul dá de ombros para a crítica, e esculacha a arte gráfica do disco, enchendo o álbum com fotos preto-e-branco tiradas com uma micro-câmera embutida em seu relógio - horrível!. Como se não bastasse, Paul vai mais além e ilustra a capa com, literalmente, uma aliviante "mijada". Talvez essa "mensagem" à impressa na capa do álbum já dê pistas do que o ouvinte vai encontrar no álbum: um Paul McCartney despretensioso e seguro.

Animado com o momento em que está vivendo, Paul junta-se à novos, porém competentes músicos, que mais tarde estariam com ele na turnê mundial do Driving Rain. E o clima do disco reflete algo como uma grande jam session, com Paul arrasando no estúdio.
Resgatando o clima do álbum anterior, basicamente formado por de covers de rocks antigos, Paul se supera e faz um álbum de estilos desconexos como não me recordo de ouvir em toda a sua carreira.

Dessa forma, se você procura Rock'n'roll, ouça bem alto a primeira faixa do álbum, "Lonely Road" onde Paul dá um show de interpretação, se esgoelando ao vivo no estúdio até o fim da música, exatamente como uma faixa deste tipo deve ser cantada. A faixa título do cd entra no hall dos rocks do álbum, traz um refrão fácil, que se aprende a cantar na primeiro ouvida, mas é uma das mais divertidas do álbum e também é cantada ao vivo no estúdio. "About You", começa violenta com letra que fala sobre o renascimento que citei ainda pouco. "Rinse the raindrops" com incríveis 10 minutos de duração é um rock de tirar o fôlego, e destaca-se pelo instrumental pesado e, claro, pelo vocal inspirado de Paul McCartney.

Se você procura aquelas tradicionais baladas de Paul McCartney, você tem duas opções magníficas neste disco, "From a lover to a Friend" que trava um longo papo com Linda, onde Paul pede licença para amar novamente. Mas o melhor ainda estaria por vir, a faixa 13 "Your Loving Flame", está entre as mais belas canções já composta por Paul McCartney, e há muito tempo, desde "Only Love Remains (1986)", Paul não escreve uma canção que fale de amor tão profundamente como esta o faz, como diria uma amigo meu, "é de chorar"! Detalhe, esta música é dedicada à verdadeira fonte inspiradora deste álbum.

Se você procura experimentalismo, você encontra em "She's Given up Talking", onde Paul toca um kit de bateria eletrônica, tem a voz alterada através de overdubs e tem o seu baixo aplicado à efeitos, e a música ganha ares contemporâneos. Falando em modernidade, "Tiny Bubble", capricha em um inovador (e por que não experiemental?) ritmo neo-retrô. "Spinning on an Axis", é uma das faixas mais que mais se difere do estilo do velho Macca, também repleta de efeitos e bateria eletrônica, além de junto de "Back In The Sunshine Again" ser parceria com o seu filho James McCartney. Ainda neste estilo temos uma das melhores do álbum: "Heathen", uma faixa semi instrumental, apenas na metade do segundo minuto Paul começa a cantar a letra, outro bingo de Paul no álbum, até que a música encerra com o mesmo Paul sussurando o nome de sua amada. Acreditem o disco ainda traz uma faixa à lá George Harrison, "Riding into Jaipur", cheia de sons de instrumentos exóticos, é quase um mantra.

Se você procura aquelas músicas impregnadas de orquestras e arranjos complexos ouça "I Do", uma música super agradável com a cara de Paul McCartney.

Se você procura simplicidade e competência, ouça "Magic", é incrível como quatro pessoas podem tocar uma música tão bem, a letra é bem bonita e é inspirada também em, advinha quem? "Your way" , com ares do disco "McCartney" também segue a mesma linha.

Ah, que eu não me esqueça, para quem procura hinos pacifistas, no estilo "Tug of War", "Pipes of Pieces", o álbum traz a música "Freedom", feita em homenagem às vítimas dos ataques às Torres Gêmeas de Nova Iorque.

É realmente incrível o que a paixão pode fazer com a pessoa. Enfim, "Driving Rain" não é o melhor disco de Paul McCartney, mas com certeza está entre os melhores, e se você procura um álbum de estilos diversificados, com boas músicas e super inspirado, ouça "Driving Rain"!

Resenha Publicada em 08/10/2004





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