Um disco árido, seco, de tonalidade cinza, como a própria capa do disco sugere, isso resume e dá a tônica desse novo álbum de Neil Young.

“Le Noise”, trigésimo terceiro álbum de estúdio de Neil Young, foi produzido por Daniel Lanois, produtor canadense responsável por álbuns de artistas como U2, Brandon Flowers, Bob Dylan e Peter Gabriel, que foi encarregado de preencher as lacunas e dar acabamento ao álbum.

Como o nome do disco revela, o disco é recheado de barulhos e ruídos, porém que diferem (e muito) de seu antecessor, o roqueiro “Fork In The Road”, recheado de Rocks de bom gosto e riffs poderosos. Talvez o fato que afaste tanto os dois últimos álbuns é que em “Le Noise”, não há banda, apenas Neil, sua guitarra e seu produtor.

De certa forma, o disco decepciona um pouco ao encher de efeitos a voz característica e inconfundível de Neil Young, caso observado logo na abertura do álbum “Walk With Me”. Isso compromete profundamente a audição do álbum, já que apenas em alguns momentos ficamos livres desse recurso.

Uma pena, porque canções como "Someones Gonna Rescue You" ou a suja “Angry World”, que até ganhou vídeo clipe, tinham tudo para virarem as mais novas pepitas de seu vasto repertório.

Nos poucos momentos em que opta pelo violão, Neil Young se sai melhor. “Love and War” é uma bonita e política balada, que poderia muito bem estar em “Living With War”, seu formato dá uma ideia de canção semi-acabada, o que valoriza ainda mais a canção e a posiciona no álbum.

Apesar de ter recebido boas críticas por parte da imprensa, quem não se despir do conceito tradicional que ronda a obra de Neil Young, certamente vai torcer o nariz, por outro lado, há de se levar em consideração o fator ousadia, que certamente dita o rumo dessa obra. Mas com todo o respeito à obra desse imortal da música, ouvir em sequência as oito canções que compõem o álbum parece uma tarefa sem fim.