Resenha do Cd The Promise / Bruce Springsteen

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THE PROMISE
BRUCE SPRINGSTEEN
2010

SONY MUSIC
Por Anderson Nascimento

Em 1978 Bruce Springsteen lançava “Darkness on the Edge of Town” álbum que, entre outras coisas, lhe alcunhou o apelido “The Boss”. Os frutos desse sedimentado trabalho continuam rendendo doces e saborosos sumos, incrivelmente mais de trinta anos depois de colhidos.

“The Promise” é um álbum duplo pinçado do Box “The Promise: The Darkness on the Edge of Town Story” lançando também em 2010, e que, para a nossa sorte, foi também desencaixotado e vendido fora do desejado box.

A quantidade de canções que pairavam no ar naquela época era tão grande que Bruce se deu ao luxo de lançar o clássico álbum em versão simples, e aproveitar canções como "Independence Day", "Point Blank", "The Ties That Bind", e "Sherry Darling", para o álbum seguinte, o maravilhoso “The River”, além de ceder algumas músicas para gravação de outros artistas, como a Patti Smith, que gravou “Because The Night” em seu álbum “Easter”, lançado no mesmo ano de 1978.

A riqueza das canções desse período é tão grande que músicas como a rascante “Racing In The Street” e a rítmica “Gotta Get That A Feeling”, valeriam posições de destaque em qualquer disco da carreira do cantor.

Instrumentalmente as músicas apresentam o mesmo requinte, além de arranjos vocais que elevam canções de quilate de “Outside Looking In”, criando uma atmosfera que urde gospel, punk e folk, em um misto de ousadia e virtuosismo.

Refletindo as influências musicais que pairavam no ar na década, Elvis Presley, Billy Joel, Roy Orbinson, além de, em certos momentos, trazerem também um tom revisionista. Na canção “Aint Good Enough For You”, por exemplo, temos a animação comendo solta com arranjos de pianos e barulhos que emulam uma apresentação ao vivo, no estilo eu canto e vocês respondem, algo bastante centrado nos anos cinqüenta.

Mesmo as baladas, que ultimamente na carreira do Chefão são limitadas a poucos instrumentos, aqui são ricas e carregadas de produção esperta e contemporânea, o que faz surgir pérolas como “Someday (We´ll Be Together)”, e a tenra “One Way Street”, uma das mais simples e deliciosas canções de amor que já ouvi.

Outro momento marcante do álbum é a inclusão, pela primeira vez em um álbum de estúdio do Bruce, da versão original de “Because The Night”. Apesar de menos poderosa que o resultado de suas interpretações ao vivo, a versão original é carregada de magia e, dessa forma, lança uma nova ótica ao clássico, destacando o sentimento original da música.

“The Promise” se nutre de uma salubre salada de ritmos e influências ao longo de suas vinte e uma faixas. Em “Wrong Side of The Street” Bruce é flagrado abusando do Rock e da sua potência vocal, incluindo Rock básico e sessentista, criando uma atmosfera que chega a lembrar o som da banda americana “The Byrds”. Nessa mesma intenção, Bruce chega a emular Elvis Presley por duas vezes, na interpretação da balada “The Brokenhearted” e na canção “Fire”, que lembra o que Elvis fez com a canção “Fever”. O Rei também é citado na faixa “Come On (Lets Go Tonight)”.

Citar destaques do álbum é até uma tarefa difícil, mesmo em se tratando de um álbum de sobras, o que acaba relando a consciência ao adorar esse álbum. Acredito que o destaque do álbum vem de sua musicalidade, arranjos, letras, performance, ou seja, o momento mágico que vivia Bruce na segunda metade dos anos 70.

Mas vale ressaltar a perfeição da melodia e arranjos de “Rendezvous”, a deliciosa “Candy Boy”, a estradeira “Save Me Love”, a dançante de tom revisionista “Talk To Me”, a simplicidade de canções como “The Little Things (My Baby Does)” e “Breakway”, a sutileza da “LouReediana” “City of Night”, ou ainda o charme da faixa título.

“The Promise” é um disco surpreendente, levando em consideração o seu formato, mas é aquela obra que corrobora com suntuoso trabalho do artista naquele fértil período. As gravações incluídas neste álbum são a cereja no bolo que revela um momento brilhante na carreira de Bruce que vinha de “Born To Run”, passaria por “Darkness on the Edge of Town” e chegaria ao “The River”, só para situar a obra. E se alguém ainda tem dúvidas quanto ao talento de Bruce Springsteen, recomendo ouvir esse álbum.

Resenha Publicada em 29/04/2011





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