Resenha do Cd Crucificados Pelo Sistema Bruto / Charme Chulo

CRUCIFICADOS PELO SISTEMA BRUTO title=

CRUCIFICADOS PELO SISTEMA BRUTO
CHARME CHULO
2014

INDEPENDENTE
Por Felipe Lucena

"Crucificados pelo Sistema Bruto" é o nome do terceiro e novo disco da banda Charme Chulo, lançado no final de 2014. O álbum, que foi concebido com a ajuda de financiamento coletivo, carrega no nome a densidade que até então é uma marca registrada da banda paranaense, que alia música caipira a rock. De Ratos de Porão a Chitãozinho e Chororó - nome do disco é uma fusão entre os títulos "Crucificados Pelo Sistema", do ex-grupo de João Gordo, e "Sistema Bruto" da dupla sertaneja. A Charme Chulo vai de filmes de Mazzaropi à banda The Smiths. Aparentemente, sem se importar com as cercas do caminho.

A densidade não se dá só pelas misturas. Ela também está presente na quantidade. E na qualidade. "Crucificados pelo sistema bruto" tem 20 músicas, divididas em dois discos. As composições, separadamente, colaboram para a fartura do álbum. Cada canção caminha sozinha, solta nesse mundo sem porteira.

"Palhaço de Rodeio" abre o Disco 1 com uma levada que faz o ouvinte arregalar os olhos e os ouvidos. Um aviso para o que virá a partir dali: uma viagem sonora que transita por alguns lugares nada comuns. "Fuzarca" (participação da Vanguart), a música três do Disco 1, é uma festa country e alguma outras loucuras.

"Bruta Alegria", a número nove do Disco 1, é uma empolgante paródia que fica em algum lugar entre axé, lambada e calipso. "Quem mandou nasceu Jacu", segunda do Disco 1, carrega, no fundo da mala amargurada e debochada do homem do interior retratado na música, uma batida de funk carioca. "Caipirinha" encerra o Disco 1 com um bucólico reggae conduzido por uma viola caipira e com uma letra que fala de misturas... de bebidas.

Considerando que cada canção segue seu rumo, como um membro rebelde de um rebanho adestrado, não faz mal começar falando do Disco 2 pela última música. O berrante que guia “Multti Stillus” é eletrônico. A composição é toda apoiada em uma batida para DJ gringo nenhum botar defeito.

A animada "Quem Vai Carpir o Lote?”, a três do Disco 2, "Coisas Desesperadoras do Rock and Roll" (pegada de rock clássico), quatro do 2 e a oitentista "Carcaça Sensacional", seis do 2, apontam para a faceta mais roqueira do grupo do Paraná. Embora nas letras eles debochem do tal de rock, o gênero é o motor que puxa essa camionete.

Falando em veículos, "Meu Peito é um Caminhão Desgovernado", que abre o Disco 2, talvez resuma o sentido da, muitas vezes, existencialista (e irreverente) Charme Chulo. No terceiro álbum, depois de Charme Chulo (2007) e Nova Onda Caipira (2009), a banda parece saber muito bem aonde quer chegar. Tendo esse GPS em mãos, o quarteto, formado por Igor Filus (voz), Leandro Delmonico (guitarra, viola caipira, vocais), Hudson Antunes (baixo) e Douglas Vicente (bateria) vem se firmando como uma das grandes bandas nacionais dos últimos tempos. Seja na cidade grande ou no interior.

Resenha Publicada em 30/03/2015





Esta resenha foi lida 2134 vezes.




Busca por Artistas

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z



Outras Resenhas do Artista


Outras Resenhas