Resenha do Cd Elektra / Rpm

ELEKTRA title=

ELEKTRA
RPM
2011

BUILDING RECORDS
Por Anderson Nascimento

Até bem pouco tempo atrás seria improvável imaginar que a imprensa estaria em plena virada de 2011 para 2012, confeccionando a crítica de um álbum de inéditas do RPM, em sua formação original. Mas, surpreendendo toda a lógica, isso ocorreu. E o melhor da história é o fato de a banda entregar ao público um disco honesto, coerente e relevante.

Há dez anos atrás, quando a banda lançou o CD e DVD ao vivo “MTV RPM 2002”, os quatro integrantes originais da banda puderam experimentar novamente o sabor do sucesso, surpreendendo com vendas expressivas e shows lotados. A ideia de lançar um disco de inéditas foi a conseqüência natural, mas a chapa esquentou e a banda se separou novamente, o que pôs em dúvida a possibilidade de rolar outra reunião. O destino então quis vê-los novamente juntos e, após uma série de reencontros, a banda anunciou que estaria voltando e lançando um disco de inéditas.

Eis que “Elektra” chegou imponente ao mercado. Em uma bonita embalagem com CD duplo em tiragem inicial de oito mil cópias, a banda dá ao público doze novas canções, e remixes de sete delas no CD bônus.

Nesse disco, com foco especial em Rock eletrônico, tal qual fazem bandas como “Muse”, “The Killers”, “The Raptures” e “Kasabian”, a banda apresenta uma série de ótimas músicas. “Dois Olhos Verdes” é uma dessas canções que já consegue se encaixar em posição digna no repertório da banda.

“Problema Seu” é outro destaque do disco, canção arrastada, de letra bem construída, chega a ter algo de progressivo em sua construção.

Apesar de flertar com o pop/Rock contemporâneo – que por sua vez se inspira nos anos oitenta - a banda relembra um pouco da sonoridade que a consagrou há quase trinta anos atrás. “Muito Tudo” é uma dessas canções, que brinca criando um paradoxo entre seu instrumental e letra. Enquanto o instrumental ressuscita o velho RPM, a letra rompe com a imagem do herói de uma geração anárquica, enquanto desconstrói alguns dos ícones atuais. A faixa é das melhores composições da nova safra de inéditas.

A banda, talvez por precaução, não arrisca muito nesse álbum. Em muitos momentos as canções só estão lá para divertir, focando explicitamente em festas e baladas (“Pessoa X”, “Elektra”, “Ninfa”, ou em temática juvenil, caso da boa “Crepúsculo”, tudo isso sem excessos, nem mesmo instrumental (algo que outrora representou o RPM), em faixas com média de três minutos de duração.

Calcada fortemente na linha eletrônica, a banda foge, por exemplo, das baladas. A única exceção é a faixa “Vidro e Cola”, que ainda assim passa longe do formato “balada épica”, optando por uma linha mais MPB.

Em um momento de pouca criatividade no Pop/Rock brasileiro que a mídia homogênea insiste em mostrar, a volta do RPM representa um acontecimento importante e satisfatório. É claro que seria bacana se a banda finalmente pudesse manter uma carreira estável, o que certamente engrossaria o caldo do nosso Pop/Rock jurássico que, mesmo tantos anos depois, ainda nos proporcionam diversão como esse disco do RPM.

Resenha Publicada em 06/01/2012





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