Resenha do Cd Manja Perene / Letuce

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MANJA PERENE
LETUCE
2012

INDEPENDENTE
Por Renan Nazzos

Você pode acusar Letuce de tudo, menos de ser óbvio. Sobretudo depois do último lançamento do duo carioca – formado pelo casal Letícia Novaes e Lucas Vasconcellos -, Manja Perene. Até mesmo se você quiser acusar Lucas de não ser um grande cantor ou apontar algum vacilo no canto de Letícia – “Não tenho ouvido pra afinação, eu estudei teatro“, ela mesma avisa nos versos de Sempre Tive Perna-, não estará sendo injusto. Mas a despeito de qualquer eventual equívoco, Manja Perene é um disco que se pode bendizer no cenário musical brasileiro atual.

A espontaneidade parece ter sido palavra de ordem na feitura do disco, produzido por Lucas e Bernardo Pauleira. Letícia e seu canto despojado são, em grande parte, os responsáveis por transmitir este clima espontâneo e cativar o ouvinte. O desejo do casal de escancarar sua paixão, ironia, humor e tesão, tais como são, é confirmado na aposta em repertório essencialmente autoral. Embora Lucas e Letícia não sejam compositores dos mais inspirados, acertaram ao optar por suas próprias canções, ora envoltas de alguma suavidade e romantismo – Cataploft e Chess Trip -, ora com carga erótica – Fio Solto -, para recriar no disco seu universo tão peculiar. Das 13 faixas, apenas a última, Ninguém Muda Ninguém (André Dahmer), não foi feita pela dupla.

E por falar em composição, Lucas e Letícia abusam de vocabulário inusitado em suas letras. Se o próprio título do disco já não é construído com palavras das mais usuais, é possível que você também estranhe ao ouvir – e ouvir de novo, pra ter certeza – palavras como maracutaia, mequetrefe, bacurinha e traulitada, para citar alguns poucos exemplos. As melodias não são tão sedutoras, mas há bons achados melódicos, caso de Pra Passear e Areia Fina. Os arranjos são bons e dão às músicas contornos de indie-rock, indie-pop e mpb e até disfarçam os momentos menos inspirados.

No todo, Manja Perene oscila entre grandes acertos e algumas músicas com desenvolvimento menos interessante, mas nada que tire o charme e o mérito do trabalho. Letuce faz um bom álbum e evolui em relação ao primeiro, Plano de Fuga Pra Cima dos Outros e de Mim, lançado em 2009 e que projetou a dupla na cena independente carioca. Com Manja Perene, vale a pena manjar Letuce!

Resenha Publicada em 07/04/2012





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