Resenha do Cd Vem Dançar Ii / Fevers, The

VEM DANÇAR II title=

VEM DANÇAR II
FEVERS, THE
2011

POLYDISC
Por Anderson Nascimento

Há algum tempo atrás a EMI colocou no mercado a coleção “The Fevers”, que reunia em 18 volumes, em edições no estilo dois em um, os álbuns dos da banda lançados entre 1966 e 1984. Com preços convidativos, bom design gráfico e saborosos textos, que apresentavam valiosas informações sobre cada álbum, escritos pelo pesquisador Marcelo Fróes, muita gente teve acesso ao rico catálogo do grupo que esteve no auge entre os anos sessenta e setenta.

Curioso falar em “esteve no auge” no caso dessa banda, pois independente de eles estarem ou não nas rádios, a banda nunca deixou de ser sucesso. Seja em festas, revivals, nos muitos shows que a banda continua fazendo em todo o Brasil (são mais de cem por ano), ou até nas máquinas de músicas que por vezes divertem, e por outras atordoam os fregueses dos bares da vida, eles estão sempre por lá, cantados a plenos pulmões por cada um que viveu a época ou os conheceu através da coleção de discos dos seus pais, tios, irmãos mais velhos e por aí vai.

A sensação de ouvir novamente um disco realmente novo banda, fato que não ocorre há bastante tempo, não cabe aqui nesse texto. Principalmente quando avaliamos o apreço que este novo rebento carrega em cada uma de suas doze músicas.

Arranjos vocais organizados, instrumentais bem tocados e relevantes, tornam a audição prazerosa, ouça “Vício Sem Cura”, faixa inédita que abre o álbum, e ateste o que eu estou dizendo. O mesmo ocorre ao longo de todo o disco, como, por exemplo, em “Vai e Vem”, faixa que carrega o nome de Michael Sullivan entre os seus compositores, logo ele, uma pessoa que faz parte da história da banda como compositor, cantor e membro oficial nos anos oitenta.

É claro que a formação sofreu fortes alterações ao longo de tanto tempo. O simpaticíssimo Luiz Cláudio, que nos tempos áureos cantava as faixas em inglês, assumiu os vocais desde a saída de Almir Bezerra, e isso já faz muito tempo. Inclusive cabe citar aqui que Luiz é um verdadeiro showman, quem acompanha os shows da banda sabe bem o que eu estou dizendo. Os outros membros Miguel Angelo (teclados), Rama (guitarra) e Otávio Monteiro (bateria), já estão na banda há pelo menos dezoito anos, e Liebert Ferreira (baixo), é membro fundador do grupo.

Algo excepcional nesse disco é o fato de ele carregar em seu formato o mesmo padrão que os discos da banda possuíam, ou seja, algumas canções inéditas, versões e regravações, “Vem Dançar II” traz exatamente esses ingredientes. O nome do disco, aliás, dá ideia de ser uma continuação do álbum “Vem Dançar”, lançado em 1998, o que essencialmente não tem coerência, dados os conceitos entre ambos serem tão distintos.

Musicalmente , o frescor da guitarra da já citada “Vício Sem Cura”, mostra bem essa vontade de trazer material novo aos seus fãs, sob o orgulhoso nome dos Fevers, urdindo ao seu som um ar mais moderno e contemporâneo.

Além das inéditas de parceiros como Michael Sullivan, Alex Cohen, Robson e Rogério Lucas, o disco também agrega canções inéditas dos próprios integrantes, casos da sessentista “Sigo em Frente”, de Luiz Cláudio e Francisdeo, e de “O Pecado Mora Ao Lado” do guitarrista Rama.

Entre as regravações, a banda se mostra atenta ao reler “Você Vai Lembra de Mim”, bela canção do grupo gaúcho “Nenhum de Nós”, aqui carregada da emoção característica das interpretações de Luiz Cláudio, ou seja, cantada de punhos e olhos fechados, com a coluna levemente arcada , sim, dá pra imaginar. “Hey Jude”, versão em português nacionalmente conhecida com a voz do cantor Kiko Zambianchi,mas que faz parte do repertório da banda há muito tempo, ganha aqui uma versão bem curta, com menos de três minutos e meio, enquanto “É Preciso Saber Viver”, de Roberto e Erasmo, chega quase aos cinco minutos e agrega os famosos versos limados na gravação feita pelo Rei.

Ainda falando em regravações, “Um Louco”, composição do Jovem Guardista Ed Wilson, ganha um lindo arranjo, capaz de fazer reascender a levada clássica da banda. Já “Há Dez Mil Anos Atrás”, de Raul Seixas fecha o disco carregando um pouco do vigor que a banda apresenta em seus shows.

Fico feliz em poder escrever sobre esse álbum e atestar a sua qualidade musical, e o esmero sob o qual o disco foi construído, tendo sua mixagem inclusive realizada no Mega Estúdios de São Paulo e no Miami Beat Studios nos EUA, não a toa recebeu duas indicações no Prêmio da Música Popular Brasileira de 2011.

Trata-se de um lançamento importante e de grande relevância não só para a vitoriosa história dessa banda que já passa dos quarenta anos de estrada, como também para todos aqueles que de alguma forma já dançaram, beberam, namoraram, e se divertiram ao som dos Reis dos bailes.


Resenha Publicada em 26/07/2012





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