Resenha do Cd Bossa Nova Vol.1 (1958-1961) / Agostinho Dos Santos

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BOSSA NOVA VOL.1 (1958-1961)
AGOSTINHO DOS SANTOS
2014

DISCOBERTAS
Por Anderson Nascimento

Dando sequência ao resgate de obras há muito esquecidas nas gravadoras, o Selo carioca Discobertas resgata agora os quatro primeiros álbuns da fase RGE de Agostinho dos Santos, cantor que cantou Samba-Canção, Bossa Nova e que, brevemente, se aventurou no Rock and Roll. É fato, porém, que o crooner que também era compositor, ficou associado mesmo à Bossa Nova, que lhe deu os maiores sucessos.

Agostinho nasceu em São Paulo e foi criado no bairro do Bexiga, iniciando a sua carreira em 1950, como crooner da orquestra de Osmar Milani. Após ser contratado pela Rádio Nacional, Agostinho fez em 1953 a sua primeira gravação, que saiu pelo selo Star, e trazia a canção "Rasga teu verso" (Sereno, Manoel Ferreira).

O sucesso do cantor veio a seguir quando foi para o Rio de Janeiro gravar com Ângela Maria, Sílvia Telles e a Orquestra Tabajara, na Rádio Mairynk Veiga, gravando e interpretando diversas canções de sucesso, o que culminou na gravação de sua primeira composição: "Vai sofrendo" (Agostinho dos Santos, Vicente Lobo, Osvaldo Morige).

Já com um disco de ouro no currículo, o cantor assinou um contrato com a RGE, onde gravaria a maioria de seus discos mais bem sucedidos. É essa fase que o ouvinte vai encontrar nesse primeiro box lançado agora, observando que o subtítulo “vol.1” sugere que o resgate da obra do cantor continuará a ser feito pela gravadora.

“Agostinho Espetacular” (1958) é o primeiro disco do box, que traz canções como “Balada Triste” (Dalton Vogeler, Esdras Silva) , “Meu Castigo” (Onildo Almeida) e “Dói Muito Mais a Dor” (Vadico, Edison Borges). Mas a grande curiosidade do disco fica por conta de uma das três faixas bônus presente no álbum. “Chega de Saudade” (Antonio Carlos Jobim, Vinícius de Moraes), gravada por Agostinho pouco tempo depois da célebre gravação de João Gilberto.

“Inimitável” (1959) é o disco que se destaca dos demais nesse box, já que o bem escolhido repertório traz dezesseis canções que brindam o ouvinte com composições de Noel Rosa, casos de “Palpite Infeliz” e “Feitio de Oração” (Noel Rosa, Vadico); Lupicínio Rodrigues em “As Aparências Enganam” e “Eu Não Sou de Reclamar”; Dorival Caymmi em “Saudade de Itapoã” e “Não Tem Solução” (Dorival Caymmi, Carlos Guinle); e Dolores Duran em “Fim de Caso”, entre outros como Antônio Carlos Jobim, Vinícius de Moares, Billy Branco e Luiz Bonfá. Mas as joias desse disco são “A Felicidade" (Antônio Carlos Jobim, Vinícius de Moares) e "Manhã de carnaval" (Luiz Bonfá, Antônio Maria), canções interpretadas no filme "Orfeu do Carnaval", de Marcel Camus, e dois de seus maiores sucessos.

“Agostinho, Sempre Agostinho” (1960) apresenta quatro faixas bônus e traz novamente canções de Antônio Carlos Jobim, Vinícius de Moraes e Dolores Duran, entre outros. Os destaques ficam para "Amor em paz" (Antônio Carlos Jobim, Vinícius de Moares), "Dindi" (Tom Jobim, Aloysio de Oliveira) e "Na solidão da noite" (Antônio Carlos Jobim), grandes sucessos do álbum.

“Agostinho Canta Sucessos” (1961) fecha esse primeiro box e, como o nome sugere, apresenta canções que àquela época já eram sucessos, casos de “Negue” (Adelino Moreira, Enzo de Almeida Passos), "Mulher de trinta" (Luiz Antônio), "Por quem sonha Ana Maria" (Juca Chaves), "Serenata suburbana" (Capiba). O disco também resgata duas faixas bônus, extraídas de um disco de 78rpm lançado no mesmo ano.

Vale ressaltar que todos os discos acompanham encarte com reprodução das capas e contracapas originais, fotos de compactos e reprodução dos textos originais, que facilitam a leitura de quem está degustando os álbuns. No caso específico destes álbuns, todos originalmente traziam seus respectivos textos de apresentação, o que torna a obra ainda mais bacana por contextualizar cada disco com a sua época.

Agostinho dos Santos morreu ainda jovem, aos 41 anos, em um acidente aéreo ocorrido em 1973 no voo Rio-Paris, nas imediações do Aeroporto de Orly na capital francesa. Mas graças às suas gravações, sua bonita voz jamais será esquecida, e esse box que acaba de chegar às lojas certamente é um dos veículos responsáveis pela preservação de sua obra.

Resenha Publicada em 11/05/2014





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