Resenha do Cd Gigante Gentil / Erasmo Carlos

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GIGANTE GENTIL
ERASMO CARLOS
2014

COQUEIRO VERDE
Por Anderson Nascimento

Impossível esconder o sorriso quando “Gigante Gentil”, novo disco de Erasmo Carlos, começa a tocar. Há cinquenta anos na estrada o artista ainda mostra um gigante talento ao lançar um álbum sólido e inteiramente autoral.

A faixa de abertura é um resumo do que sempre foi a carreira de Erasmo, um complexo compêndio agridoce, ora selvagem, ora frágil, sempre na dose certa. A indignada faixa inicial espelha a arte da capa do disco - do designer Ricardo Leitte -, forte, impactante e curiosa, que sem fazer alarde, se desenrola em um Rock denso, daqueles que Erasmo inevitavelmente cantará de punhos cerrados. A verdade é que “Gigante Gentil” (a canção) por si só já mereceria um texto inteiro sobre as suas nuances e pela beleza de sua letra, que responde a comentários maldosos sobre Erasmo pela rede.

Se comparado com “Sexo” (2011), o novo disco do Erasmo se sai ligeiramente melhor. O repertório de “Gigante Gentil” é mais consistente e as composições mais elegantes. Obviamente que essa comparação não desmerece em nada o disco anterior, já que “Sexo” é outro elogiável momento da discografia recente de Erasmo.

Falando em trabalhos anteriores, neste novo álbum Erasmo passeia por alguns momentos-chave de sua carreira como fica evidente em “Teoria do Óbvio”, faixa de alto calibre onde o Tremendão exorciza “1990 Projeto Salva Terra”, em canção escrita em parceria com Arnaldo Antunes.

Erasmo avança uma década e espelha a sua dócil fase oitentista em “50 Tons de Cor”, faixa que alude em seu título o best seller “50 Tons de Cinza”, ou ainda no folk de “Colapso”, que chega a lembrar canções da dupla Roberto e Erasmo do início da década de oitenta. Isso ocorre também em “Manhãs de Love”, outra parceria com o ex-Titã, faixa que parece saída do disco “Mulher” (1981).

Como costuma dizer Roberto Carlos, Erasmo tem as suas “Erasmices”, e isso é algo que também está presente neste CD, ou seja, sacadas como em “Coisa por Coisa” onde Erasmo sentencia: “Já que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa, meu sentimento não sabe que coisa será”.

Contemporâneo, Erasmo também se mostra atento às novas formas de relacionamento, na faixa “Amor na Rede”, parceria com Nelson Motta, que mostra o personagem bem adaptado aos tempos modernos, porém revelando didaticamente o valor dos prazeres que existem na forma tradicional de relacionamento.

O disco ainda traz uma boa releitura de “Além do Horizonte” (Roberto Carlos, Erasmo Carlos) que foi utilizada como tema da novela global de mesmo nome.

A produção de Kassin dá um charme especial ao disco que é instrumentalmente perfeito, e apesar de ter uma identidade própria, busca na própria carreira discográfica do artista a essência de sua forma - ouça “Amor na Rede” - evitando dessa forma criar um disco fake, como não é difícil encontrar em algumas produções espalhadas por aí.

“Gigante Gentil” agrada em cheio e coroa essa magnífica trilogia de “Rock and Roll”, “Sexo” e “Gigante Gentil”, colocada no mercado e finalizada no alto de seus 72 anos.

Resenha Publicada em 08/06/2014





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