Por Valdir Junior
Cada vez mais, os meios de comunicação e as ditas paradas populares expõem uma música vazia, instantânea e de vida curta. Alguns, desatentos e preguiçosos, podem até pensar que só esse tipo de música está sendo feito e que a música inteligente, de qualidade e verdadeira não existe mais. Felizmente isso não é verdade, mesmo que a grande maioria das rádios e TVs no Brasil não dêem espaço, existe bem perto de todos nós música e músicos de qualidade.
É o caso da Oripe, banda de musica instrumental, formada em 2011 na cidade de Franca (SP). Composta por Marquinho Sabino (bateria e percussão), Diego Rando (baixo), Gil Reis (teclados e programações) e Vinicius Maniza (Violão, Guitarra e Viola). Banda que já fez o percurso de bares e festas, passando por festivais de música instrumental e freqüentes apresentações no projeto “Quinta Jazz” na cidade natal da banda e no “Teu Jazz” em Uberaba, e lança agora “Novos Rumos”, seu primeiro CD.
Na audição do CD somos presenteados com um verdadeiro desfile sonoro de elementos, ritmos e ideias do que há de melhor na música brasileira, aqui samba, choro, ritmos nordestinos são azeitados com muito jazz, pitadas de rock e pop, e uma inventividade em buscar o novo, com arranjos que deixam cada instrumento parecerem ao mesmo tempo, solistas e condutores, dada a sua interação musical. Falar de um instrumento em particular é descontextualizar o som como todo da banda, este é um dos grandes diferenciais do Oripe.
A qualidade técnica e musical da banda está no mesmo nível, quem sabe até mais, do que há de melhor no mainstream mundial da música instrumental. As composições do CD são “suítes musicais”, que como diz o release da banda são “uma trilha sonora para o filme da vida”, e quem dera que o filme de nossas vidas tivesse a todo o momento uma música linda e maravilhosa como essa ao fundo.
Tarefa difícil é destacar entre as nove faixas do CD, as músicas mais representativas, a banda Oripe entrega aqui um repertório forte, coeso, cheio de referências musicais que conectam de forma mítica e inconsciente, o passado, o presente ao futuro da música brasileira. Exemplos disso são as faixas “Fofoqueiro”, “Moinho Quebrado”, “Segunda-Feira”, “Lareira” e “Diálogo”, todas verdadeiros deleites sonoros, cheios de viagens, sonhos, emoções e ideias de uma vida e um mundo melhor.
Mesmo que culturalmente o grande público no Brasil não valorize e desconheça a música instrumental no geral, trabalhos como “Novos Rumos” e bandas como a Oripe, são verdadeiros mantedores, peregrinos persistentes, de um chama musical que não deve se apagar nunca, e que ainda há de iluminar, novos rumos, novos sonhos e novas emoções na música brasileira. Então faça uma boa ação a si mesmo, ouça a Oripe e se entregue nessa jornada musical. E que venha mais sons da banda Oripe.