Resenha do Cd The Gigsaw / Sub Rosa

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THE GIGSAW
SUB ROSA
2010


Por Anderson Nascimento

Aos primeiros passos ouvidos na faixa que abre “The Gigsaw”, primeiro álbum do grupo mineiro Sub Rosa, a curiosidade em torno do que está por vir nos próximos momentos do álbum vai crescendo ao passo que o disco vai avançando.

Não obstante, a expressão latina “Sub Rosa” é utilizada nos países de língua inglesa para se referir à segredo ou confidencialidade. O nome do disco, como bem explica a banda, é derivado das palavras inglesas Gig (concerto) e Jigsaw (quebra-cabeças), com isso a banda já deixa claras pistas de que o som da banda beira a uma interessante jornada de descobrimento rumo aos mistérios e temática em torno do álbum, ou seja, vida.

A banda Sub Rosa iniciou a carreira em 2006, na cidade de Betim, em Minas Gerais e, de lá pra cá, passou por diversas formações, até chegar à que gravou o CD, que conta com Reinaldo (baixo), Igor (guitarra), Glaydston (voz), Márcia (voz), Bárbara (bateria) e Álvaro (teclados).

Mesmo sendo o seu primeiro álbum, há de ser ressaltada a coragem da banda em lançar um álbum conceitual e progressivo, referenciando um tipo de som oriundo dos anos sessenta e fortemente utilizado por bandas como Pink Floyd e Alan Parsons Project nos anos setenta.

Após dez minutos de uma enigmática introdução, a banda desfila os primeiros versos da canção “Symtoms Of Life”, que provocam uma tempestade que introduz a curta pinkfloydiana “Igneous Vortex Dancer”. Aliás as conexões entre as faixas, e os encaixes desse grande quebra-cabeças são o grande barato do álbum, que alia um trabalho conceitual com canções de uma beleza profunda, tocadas de maneira excepcional.

É o que podemos ouvir em “Enslavement of Beauty”, terceira faixa do disco, que usa um vocal feminino para interpretar uma linda faixa que mescla a beleza de sua interpretação com a agonia de sua letra. Já na sequência, em “Equinox”, as vozes de Glaydston e Márcia Cristina se unem para interpretarem um ato formado pelas quatro estações do ano, introduzindo o primeiro momento instrumental do disco na canção “Amok”, recheada de sons provenientes e efeitos tensos que engrandecem a canção.

Combinando momentos tensos com obscuros, como é o caso de “Your Eyes”, a banda consegue contar a história do disco incluindo até mesmo momentos com sonoridade mais pop, como é o caso de “The Order”, canção que abre para outro momento instrumental “Zeitgeist”, que traz um Rock com tons jazzísticos fundidos com sintetizadores, em um dos momentos mais bacanas do álbum.

Apesar das faixas se encaixarem dentro de um conceito, algo também relevante no disco da banda é o fato de as faixas conseguirem, apesar disso, serem independentes umas das outras, com vida própria, tendo a possibilidade de poder serem ouvidas isoladamente. Um caso que exemplifica bastante isso é na canção “Window´s Daughter” com uma bela cama de sintetizadores acompanhando uma inspirada sequência. O mesmo ocorre com “The Mirror”, dividida em quatro atos, que é outra faixa que poderia funcionar bem em qualquer ambiente fora desse disco, e tem algo de “Sgt. Pepper” (Beatles) em sua performance. Mais um resultado inspiradíssimo da banda, novamente posicionando-a entre as melhores do CD.

A banda também acerta ao criar as duas partes de “The Last Ride”, uma tensa jornada progressiva que prepara o ouvinte para o iminente encerramento do álbum. Falando em fim, após a bela “Fatality Show”, a banda mostra novamente ser brilhante encerrando o álbum com uma variação de “Symtoms Of Life”, mesma faixa que iniciou o disco. O espetáculo então chega ao fim.

“The Gigsaw” é um grande exemplo de que há no Brasil bandas de todos os estilos, para todos os gostos e, o melhor disso tudo, que faz música com qualidade e requinte que não deixa nada a desejar para os melhores trabalhos do gênero.

O que difere o som do Sub Rosa de outras bandas embasadas no Rock Progressivo, e á palatividade de seu som, que passa longe de álbuns que se escoram em longos solos de teclados ou guitarra, que acabam por entediar o ouvinte. Isso não acontece com a banda que, ao contrário disso, consegue prender o ouvinte na execução do álbum fazendo com que os seus sessenta e dois minutos passem rápidos, como um filme que assistimos e já sabemos que vamos assití-lo outra vez.

Resenha Publicada em 11/07/2010





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