Resenha do Cd Mirage / Camel

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MIRAGE
CAMEL
1974

DECCA RECORDS
Por Tiago Meneses

Muitas vezes lembrada dentro do segundo escalão entre os admiradores menos ferrenhos do rock progressivo, Camel é uma banda de discografia bastante homogênea, tendo em álbuns como o "Mirage", uma demonstração máxima de talento de todos os seus integrantes. Aqui, com sua formação clássica, podemos notar o grupo em seu apogeu criativo. A capa do álbum também causa um certo impacto por conta de levar o mesmo desenho trazido pelos maços de cigarros homônimos a banda. Isso se deve a um acordo comercial entre a banda e a marca e que inclusive gerou polêmica na época, obviamente por conta de ser visto como uma apologia ao fumo. Mas que não deu em nada e "Mirage" seguiu com uma capa única.

O álbum começa com, "Freefall". Leva uma veia psicodélica (principalmente por conta da influência de Peter Bardens, autor da canção, no estilo). Dentro do que se encontra no álbum como um todo, é uma faixa que está abaixo da média, mesmo assim tem um bom trabalho principalmente de guitarra e órgão.

"Supertwister" é toda instrumental e a menor faixa do álbum, mas de uma grande beleza, além de uma demonstração de Latimer que havia faltado no primeiro disco do grupo. Seu talento que vai além da guitarra, mostrando-se um exímio tocador de flauta. Uma típica canção da escola Camel de rock progressivo. Relaxante, serena e extremamente bem cadenciada.

"Nimrodel / The Procession / The White Rider" sem sombra de dúvidas é um dos pontos altos do álbum. É uma faixa baseada na obra O Senhor dos Anéis. O primeiro som que ouvimos é Latimer brincando com sua guitarra e o som profundo de coro, depois temos uma flauta dançante aliada a uma marcha militar cadenciada por tambores. Tem uma melodia vocal bastante bela, o que não é muito comum em se tratando de Camel, já que suas melodias vocais normalmente não são a parte mais emocionante sobre a sua música. Algo a se destacar também é que por volta dos seus 4:10 possui um dos solos de teclados que considero um dos com mais feeling de toda a história do rock progressivo, simplesmente arrasador. Uma canção que varia entre momentos mais agressivos e suaves, mas sem se perder em momento algum.

"Earthrise" é mais uma faixa instrumental. Eu acho essa música simplesmente extraordinária. Extremamente empolgante, todos os instrumentos são tocados de maneira enérgica. Mas pra sair da mesmice dos elogios principais (Latimer e Barden), aqui eu vou ressaltar a cozinha feita pelo baixo de Doug Ferguson e a bateria de Andy Ward. Simplesmente maravilhosa.

Fechar um álbum com chave de ouro. Está aí uma expressão vista poucas vezes sendo levada tão a sério como o Camel fez através da faixa, "Lady Fantasy". Inicia de maneira explosiva, com alguns teclados extraordinários e grandes acordes de guitarra de fundo. Após isso a maré baixa e a cadencia fica mais tranquila, sendo liderada pela guitarra de Latimer e o teclado de Bardens ao fundo. Os vocais são tranquilos e a cada quase toda frase é feita uma brincadeira na guitarra ou no teclado, mais ou menos como os bluesmen costumam fazer. Falando em solos, possui um exímio de Latimer no seu meio. Ferguson também merece ser mencionado aqui pelo destaque colocado em seu baixo em determinadas partes, assim como a bateria de Ward. Como não tem como deixar de mencionar, o final da música é o momento apoteótico. Uma melodia suave, slide guitar, marcação de pratos e baixo e uma melodia simples do teclado. Latimer então volta com o vocal e a instrumentação vai ganhando força até todos entrarem juntos
de maneira avassaladora. Com destaque mais uma vez a Peter Bardens e seu solo de teclado que firma o porquê de ser considerado um dos mais influentes tecladistas da história rock progressivo.

"Mirage" como eu disse, é o que de melhor foi feito pelo Camel com a sua melhor formação. Um disco simplesmente sensacional e que merece ser ouvido por qualquer pessoa e não apenas pelas que goste de prog rock, mas que gosta de um bom som 70's. Infelizmente embora a banda ainda esteja em atividades, ver essa formação é impossível pelo fato do genial Peter Bardens ter falecido em Janeiro de 2002. Mas a obra é atemporal e está aí pra quem quiser desfrutar.

Resenha Publicada em 04/05/2015





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