Resenha do Cd Eu Nunca Disse Adeus / Capital Inicial

EU NUNCA DISSE ADEUS title=

EU NUNCA DISSE ADEUS
CAPITAL INICIAL
2007


Por Ricardo Schott

Difícil não cair no clichê de comparar o Capital Inicial não com seus companheiros de anos 80, mas com bandas como CPM 22, Dead Fish, Pitty, NX Zero e outras que falam ao coração da garotada. Mas é isso aí mesmo. Não tem muito o que falar nesse sentido: tanto as melodias cheias de referências a coisas de rock que você já ouviu em algum canto, quanto as letras sobre relacionamentos e confusões soam mais aparentadas a um giro pelos fotologs, a um papo pelo MSN ou qualquer coisa do tipo.

Não dá nem para lançar mão daquele velho outro clichê e dizer que o grupo brasiliense soube envelhecer bem - o caso é que o Capital, ao contrário de grupos como Ira!, Titãs e Kid Abelha, NÃO envelheceu. O link que a banda soube fazer entre o rock dos anos 80 e o som que agrada à molecada atual é caso muito sério. Musicalmente, o grupo continua mergulhado na mesma fonte da eterna juventude na qual o vocalista Dinho, hoje um pai de família quarentão, parece ter se banhado. O Capital sabe que o lance hoje é outro, que um arranjo de cordas escrito por Jacques Morelembaum não faz de nenhuma banda algo mais "adulto" - e, levando em conta que o público roqueiro-nacional atual (a massa que ouve Pitty, não a arraia-miúda que ouve Rockz e Moptop, bem entendido) é eminentemente adolescente, ora bolas, quem é que precisa de música adulta?

Isto posto, digamos que Eu nunca disse adeus talvez seja o disco em que os clichês da banda aparecem azeitados da melhor forma. Bom, eu não havia dito que o som do grupo era perfeito, disse apenas que o quarteto de Dinho, Fê, Flávio e Yves acertou em cheio, tanto na sacação de mercado, quanto na conexão entre duas (ou três) gerações. O grupo ainda está devendo um disco ousado como Atrás dos olhos (1998), mas deixou de lado as melodias sonolentas de Rosas e vinho tinto , confirmando a melhora que já tinham dado em Gigante . Chamando a atenção, tem as baladinhas radiofônicas como "Dormir", "O imperador" (cuja letra é um papo bem interessante sobre egocentrismo teen) e "Altos e baixos", além das partes diferenciadas do hit "Eu nunca disse adeus". Nas pesadas "18" (sim, um equivalente nativo de "I'm eighteen", de Alice Cooper) e "A vida é minha", o Capital larga tudo para correr atrás - com dignidade, diga-se - do público adolescente. E não cansa quem já largou os 18 pra trás faz tempo e já tem entradas na testa. Mandaram bem.

Resenha Publicada em 02/08/2009





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