Por Anderson Nascimento
“Ressurreição”, a bela faixa que abre “Das Kapital", décimo segundo álbum de estúdio da banda de Brasília, sugere que um bom disco vem pela frente. A incrível coincidência do fato de a canção ter sido escrita antes do grave acidente acontecido com Dinho Ouro Preto, certamente influenciou na escolha da mesma para abertura do disco. Apesar disso, o efeito aplicado na voz de Dinho no início e ao longo de quase toda faixa quase compromete a mesma, pois soa como lugar comum, principalmente ao levarmos em conta os trabalhos mais recentes de bandas que estão aparecendo ultimamente, onde esse efeito aparece em dez em cada dez lançamentos. De qualquer forma isso não atrapalha em nada o ótimo novo disco da banda.
O single “Depois da Meia-Noite” comprova isso, já que é uma música que tem a marca jovem e pop da banda Capital Inicial que, como ninguém, soube atualizar o seu som e com isso, tem arrebatado milhares de novos fãs a cada novo disco e, conseqüentemente, nova turnê.
Apesar de o Capital Inicial preferir não mexer em time que está ganhando, pois continua repetindo velhas fórmulas de trabalhos anteriores, a banda mostra-se ainda competente ao criar baladas como “Não Sei Por Quê”, uma das músicas mais bacanas do disco, com ares retrô, que lembra a sonoridade feita pela banda do fim dos anos noventa. Ou ainda quando relembra a sonoridade de seus primeiros álbuns nos anos oitenta com a canção “A Menina Que Não Tem Nada”.
Mas dizer que o Capital Inicial se repete, virou clichê entre os críticos, mas analisando imparcialmente “Das Kapital”, percebemos sim, ainda que timidamente, alguns flertes com novos ares que, talvez acertadamente, não chegam a ousar.
Na faixa “Melhor”, por exemplo, o Capital traz para o seu álbum um pouco de sintetizadores anos oitenta, algo não muito comum atualmente em sua obra, que torna a faixa no mínimo interessante. Já em “Marte em Capricórnio”, a banda chega a flertar com o Rock pesado, conseguindo acertar no resultado final.
As canções do novo álbum também devem render boas músicas para serem tocadas ao vivo. Esse é o caso de “Vamos Comemorar”, uma canção na linha Stadium-Rock, com todas as nuances que sugerem a canção sendo interpretada a plenos pulmões em uma apresentação ao vivo.
O disco encerra com “Vivendo e Aprendendo”, uma bonita canção que incluí palminhas, coros e uma boa letra, o que certamente habilita a canção um potencial sucesso entre os fãs.
“Das Kapital” é uma boa prova de que dá para se fazer música jovem e pop sem seguir fórmulas estabelecidas por tendências mercadológicas, e ainda assim soar atrativo, interessante e pop. Uma boa oportunidade para as bandas mais novas aprenderem um pouquinho com quem está na estrada há vinte e cinco anos.