Resenha do Cd Revelations / Audioslave

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REVELATIONS
AUDIOSLAVE
2006


Por Ricardo Schott

Um ligeiro acento yuppie começa a assombrar uma das bandas mais interessantes dos últimos tempos, em seu terceiro disco, Revelations - coisa que faixas como "Broken city" não escondem. O Audioslave, na verdade, sempre teve um lado que lembra mais aqueles elogios às avessas, como se a pessoa que elogia quisesse ser sarcástica - tipo: "a banda é legal porque lembra demais Led Zeppelin" (caso da chupação de "Whole lotta love" em "Cochise", o primeiro hit). Só que difícil não reconhecer que Audioslave e Out of exile, os anteriores, são dois grandes discos.

E agora a coisa mudou. Em Revelations, a idéia parece ter sido deixar o peso inspirado em Led-Black Sabbath um pouco de lado e investir mais no groove - que só sai fora no fim do disco, em faixas como a sombria "Nothing left to say but goodbye" e a arrastada "Moth". Deixar o groove sobrepujar o peso foi uma ótima intenção - e até o guitarrista Tom Morello andou dizendo que o disco é algo como "Earth, Wind and Fire encontra Led Zeppelin". Só que não foi o suficiente para fazer de Revelations um grande disco. Ficou parecendo o lado fraco e repetitivo da Rollins Band (as pioires faixas de Weight e Come in and burn). Chris Cornell, um grande vocalista - mas que já demonstrou derrapar feio em bootlegs e até mesmo no DVD Live in Cuba - parece desperdiçado, preso à fórmulas. Se os discos anteriores eram uma feliz revisão dos riffs do Led e das doideiras do Rage Against The Machine, misturada a outros elementos (como a marcha U2 de "Be yourself"), agora tudo parece igual, como se tudo tivesse sido feito às pressas - e provavelmente foi.

Para a alegria da galera, tem o tom baladeiro de "Until we fall", a sacolejante "Sound of a gun", os riffs distorcidos de "Jewel of the summertime" e, em muitas músicas, uma sonoridade que lembra um pouco o saudoso Living Colour. Mas tudo soa isolado, como pílulas de criatividade em meio à repetição e a vocais e riffs pouco criativos - uma das músicas nas quais isso fica mais na cara é "Wide awake", composta para a trilha do filme Miami Vice (ao lado de "Shape of things to come", outra do álbum). Revelations pode entrar para a história como o Presence (aquele disco caído do Led Zeppelin) do Audioslave, de repente. Se é que dá para tecer esse tipo de comparação sem parecer bobo.

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Publicado originalmente no site Discoteca básica

Resenha Publicada em 12/01/2010





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