Resenha do Cd Sambacord / Franco Cava

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SAMBACORD
FRANCO CAVA
2012

SALADESOM RECORDS
Por Anderson Nascimento

Com carreira já consolidada na Itália, o carioca Franco Cava acaba de lançar o seu primeiro CD no Brasil, pela gravadora Sala de Som Records. Produzido pelo próprio artista e pelo músico e produtor Murillo da Ros, o disco é composto por Sambas em diversas tonalidades, entre eles o tradicional samba de raiz e as sonoridades afro-brasileiras, tudo isso incorporando elementos contemporâneos, como a música eletrônica,ungidos por um frescor impressionante.

Flertando entre universos antes inimagináveis como o computador e o barracão, a faixa de abertura “Barracão” (Fanco Cava), mostra o artista brincando com as palavras como nos versos “...que o samba já era cidade antes da cidade do samba...”, ou ainda "...que a escola de samba era muito mais samba antes de ser escola... ", além de mostrar o seu tato na mistura promovida entre a união de guitarras, cuíca e instrumentos tradicionais do Samba.

Faixas modernas como “Da Beira” (Lucas Santtana, Muri Costa, Matheus Van Kruger), tem o poder de por o ouvinte em contato direto com a natureza, enquanto “Mediterrália” (Franco Cava) tem a função de fundir as culturas brasileira e italiana.

As participações especiais também ajudam a construir um interessante dinamismo ao repertório e ao disco em geral. Em “Lua de Madureira” (Franco Cava, Eliane Faria), por exemplo, a cantora Dorina se une a Franco e ambos são apoiados pelo bonito som do cavaquinho tocado por Leonardo Bessa, onde prestam uma bela homenagem ao bairro de Madureira. Já João Pinheiro participa, em meio ao som de um berimbau, da literalmente deliciosa “Saco de Doce” (Franco Cava, Ricco Duarte), que rememora a distribuição de doces de Cosme e Damião, algo infelizmente cada vez mais difícil de ver. As outras participações são de Leonardo Bessa em “São Jorge de Cascadura” (Franco Cava,) e Eliane Faria na faixa título “Sambacord” (Franco Cava), canção que tem o nome inspirado no filme “Amarcord” (significa “eu me lembro”, em dialeto), de Frederico Fellini, e cita artistas como Candeia e Paulinho da Viola.

“Maimbê Dandá” (Carlinhos Brown, Mateus) forma dobradinha com “Sacos de Doces”, e é outro bom momento do álbum, além de oportunamente citar “O Erê” (Da Gama, Toni Garrido, Bernardo Vilhena) sucesso do Cidade Negra.

O disco trafega entre momentos agradáveis como “Quem Vê Cara” (Franco Cava), sambinha doce e de letra interessante que agrega a mão leve do compositor e músico Muri Costa ao violão, e momentos deslumbrantes, caso de “Eu Me Lembro” (Franco Cava), onde o artista consegue retratar uma importante face do Rio de Janeiro antigo, com incrível musicalidade e emoção, mesmo levando a faixa inteiramente à capela.

Com gravuras de Glauco Rodrigues e capa que remete a discos lançados no início dos anos sessenta, o álbum é um convite ao universo particular de Franco Cava, revelando a beleza que esse contagiante ritmo é capaz de proporcionar e, ainda nos dias de hoje, surpreender.

Recheado de talento, bom gosto e expertise, o disco é uma das gratas surpresas que o ano de 2012 foi capaz de proporcionar, e certamente uma das heranças desses 366 dias que estão chegando ao fim. Prazer em conhecê-lo, Franco Cava.


Resenha Publicada em 04/12/2012





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