Veterano daquela turma boa de Minas, Lô Borges chega ao seu novo álbum solo, trazendo muita poesia e melodia, resultado da reunião com o seu irmão e parceiro Márcio Borges após dez anos.

O disco abre com o belíssimo single que dá nome ao novo trabalho, faixa que inclui parceria vocal de Paulinho Moska. “Muito Além do Fim” pode ser considerada uma nova joia, que nem precisa ser lapidada, para ficar marcada em sua mente.

O disco reacende o vigor do artista em sua fase seminal, com canções como “Muito Querida”, rockão com guitarra onipresente, moderníssima, uma das faixas mais legais do disco. O disco possui uma aura roqueira em sua maior parte, como revelam canções como “Copo Cheio” e “Rainha”.

A levada pra cima do álbum é um dos seus maiores trunfos, assim como as vocalizações muito bem encaixadas como apontam canções como “Melhor Assim” e “Caos”, de pegado bastante contemporânea. Vale destacar também a banda que participa e ajuda na produção do álbum, um trio formado por Henrique Matheus (guitarra), Robinson Matos (bateria) e Thiago Corrêa (contrabaixo, teclado e percussão), que se juntam à Lô, que eventualmente toca violão e piano no disco.

“Vida Ribeirão”, “Canções de Primavera” e “Tudo é Gado”, dão aquele toque interiorano, quiçá bucólico, que remetem ao Déjà Vu de ouvir aqueles discos do Clube da Esquina e do Rock Rural setentista, que certamente estão em um algum lugar especial na sua coleção.

O disco fecha com a ótima faixa semi instrumental “Piano Cigano”, composição setentista que só agora ganhou letra do Márcio Borges.

Com 10 canções inéditas em disco, “Muito Além do Fim” é um disco honesto, redondo e digno de pertencer à linda obra do Lô Borges. Uma versão em vinil coroaria este que certamente figurará na lista de melhores discos brasileiros de 2021.