Resenha do Cd Vivo Na Cena / Nasi

VIVO NA CENA title=

VIVO NA CENA
NASI
2010


Por Anderson Nascimento

Com a ruptura do IRA! este “Vivo na Cena” acaba por dar uma idéia do que será a carreira de Nasi daqui pra frente. Com um misto de referências que estão entre o punk, eletrônico e o próprio Rock and Roll básico, o cantor revela a sua pré-disposição por incluir em seu trabalho uma maior variedade de ritmos e estilos, longe das amarras que, queria ou não, limitam o artista quando se está em uma instituição como era o IRA!

Tendo em vista esse aspecto, um novo álbum gravado ao vivo foi uma acertada forma de representar esse novo momento na carreira do cantor. Ainda mais se levarmos em consideração o formato do disco, ou seja, um álbum gravado ao vivo, sem trucagens de estúdio, com uma banda de verdade e um cantor de verdade, como os próprios participantes da gravação do álbum revelam nas entrevistas que acompanham os extras do DVD.

Em termos de repertório, Nasi recuperou canções de várias fases de sua vida como “Verdades e Mentiras” da banda “Voluntários da Pátria”, a qual participou nos anos oitentas, em paralelo à sua banda principal. Além dessa canção, “Onde Estou” da banda Muzak e “Carne e Osso” da banda “Picassos Falsos”, ambas oriundas dos 80s, também entram no repertório. Obviamente, mas em reduzida quantidade, Nasi também manda três canções do IRA!, a bela “Milhas e Milhas”, do álbum “Entre seus rins”, a versão com metais do clássico “Tarde Vazia” e “Por Amor”, canção escrita pelo saudoso Zé Rodrix para gravação da banda no “Acústico Mtv” e que aqui ganha participação da cantora Vanessa Krangold da banda “Ludov”.

As regravações continuam, entre outras, com uma forte versão, quase falada, de “O Tempo Não Para” de Cazuza, uma versão bluseira de “Bala Com Bala” de João Bosco e, a melhor gravação do disco, “Rockixe” de Raul Seixas, com uma versão pesada onde duelam Nasi e o roqueiro baiano Marcelo Nova.

Com uma banda muito afiada, que inclui o veterano Johnny Boy, e pronta pra desfilar canções que vão do Rock ao Blues, Nasi se sai bem com sua voz rouca, cara de mau e atitude, os dois últimos adjetivos, diga-se de passagem, estão fazendo falta no Rock nacional.

Na maior parte do repertório, as gravações, feitas à vera, estão irrepreensíveis e, em raros momentos deixam a desejar. Porém, isso acontece na primeira faixa “Ogum”, onde a voz de Nasi parece receber um efeito que torna a gravação um tanto ininteligível. Já em “Por Amor”, as vozes de Nasi e Vanessa, estão perdidas entre os instrumentos, faltando inclusive um maior sincronismo entre eles, únicos revezes em um trabalho surpreendente que mostra que os ex-cantor do IRA! poderá caminhar sozinho e ser feliz fazendo o que gosta.

Essa bela estréia pode estar dando início a uma promissora nova etapa do incansável Nasi, que entre bandas como “IRA!”, “Voluntários da Pátria”, “Nasi e os Irmãos do Blues”, e agora com seu segundo disco solo, está botando pra fora suas ricas referências musicais, cheio de atitude e visão musical, justificável pelas incursões de canções de bandas da cena independente nacional como “River Raid” e “Eddie”.

A versão em DVD, ainda presenteia os fãs com um belo conjunto de imagens e caprichadas edições, além de entrevista com o Nasi comentando o álbum faixa a faixa, e de um maravilhoso documentário sobre a carreira do artista, contada por membros da banda e por Kid Vinil.

Resenha Publicada em 30/05/2010





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