Resenha do Cd Varias Variáveis / Engenheiros Do Hawaii

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VARIAS VARIÁVEIS
ENGENHEIROS DO HAWAII
1991


Por Anderson Nascimento

Após o imenso sucesso feito pelos Engenheiros do Hawaii com o disco “O Papa É Pop”, onde nada menos que cinco músicas do álbum foram parar nas rádios, a banda avançou ferozmente em torno do estilo que se camuflava nas entrelinhas das faixas mais pops do disco anterior, o Rock Progressivo.

Várias Variáveis, sexto disco da banda, oferece ao ouvinte uma sonoridade pesada como eles nunca tinham feito anteriormente. Já no primeiro single do disco, a canção “Herdeiro da Pampa Pobre”, uma regravação do cantor “Gaúcho da Fronteira”, a banda despeja um instrumental potente em um ritmo acelerado o que fez com que rapidamente a canção se tornasse o primeiro sucesso do disco.

Nessa mesma linha estão também as canções “Sala Vip”, uma caótica conjunção de idéias que eriça sobre uma espessa camada de Rock pesado, “Sampa no Walkman”, uma homenagem à “Sampa” de Caetano Veloso, “Museu de Cera” e “Quartos de Hotel”. Mesmo as canções consideradas as baladas do álbum, também têm o seu momento mais pesado, como pode ser observado nas canções “Ando Só” e “Piano Bar”.

Além desse clima pesado, que por si só já configura o álbum como uma peça singular dentro da discografia dos Engenheiros, a evolução da chamada fase progressiva da banda é evidente, com vinhetas, músicas com erros de gravações que acabavam por contrastar com a cobrança por perfeição exigida pela própria banda, além de muitos efeitos nos vocais de Humberto Gessinger, que por sua vez duelavam freneticamente entre uma caixa de som e outra em nosso velho “três em um” da época.

O segundo hit do disco “Muros e Grades” é outra canção que levantou poeira por onde passou, a canção, arrasadora, invadiu as rádios e levou os fãs à loucura. Parte disso por sua letra, que ainda nos dias de hoje é atualíssima.

“Piano Bar” é um épico que vai se desenhando ao piano até ser acometido por guitarras e solo marcante de Augusto Licks, forte marcações e viradas de bateria de Carlos Maltz, até chegar a um vocal alucinado de Humberto Gessinger. Até hoje a canção está entre as principais músicas da banda, sendo obrigatória em qualquer show dos Engenheiros do Hawaii.

Em “Ando Só”, a banda consegue construir outra das grandes canções de sua carreira. A música inclusive ganhou uma releitura fantástica no álbum seguinte “Filmes de Guerras, Canções de Amor”, o que só confirma o potencial da canção.

A riqueza instrumental desse disco impressiona. Os instrumentos atuam em harmonia o tempo todo, mas ainda assim têm cada um o seu próprio momento de onipotência no álbum, a bateria competente de Carlos Maltz, o baixo pulsante de Humberto e as guitarras de Licks cuspindo solos que ficaram até hoje no inconsciente dos fãs, como na música “Não É Sempre”, que juntamente com a sua co-irmã “Nunca é Sempre”, fecham essa obra prima, que ironicamente encerra o disco de forma absolutamente dispare do que foi o disco, com um singelo “fim”, dito sem cerimônias por um Humberto que talvez não tenha percebido naquele momento a obra prima que acabara de criar.

“Várias Variáveis” até hoje é lembrado pelo próprio Humberto como o álbum “mais paulista” dos Engenheiros do Hawaii, mas certamente a banda criou um álbum que, se não fez mais sucesso que “O Papa é Pop”, conseguiu exibir uma faceta de uma banda mutante, que até aquele momento em sua carreira, já havia passado (nessa ordem) pelo Ska, Folk, Rock básico, Pop e Progressivo, sempre se reinventando e nunca decepcionando.

Mas se “O Papa é Pop” iniciou a viagem da banda pelo Rock Progressivo e “Várias Variáveis” ampliou esse conceito, o álbum seguinte, “GLM”, viria para fechar com chave de ouro essa fase da banda, atingindo o ápice do que a os Engenheiros poderiam criar nesse estilo, ampliando às últimas conseqüências o conceito iniciado por eles mesmos apenas dois anos antes.

Resenha Publicada em 08/07/2010





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