Resenha do Cd Bad Boy / Ringo Starr

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BAD BOY
RINGO STARR
1978

POLYDOR
Por Anderson Nascimento

Após o fracasso comercial de “Ringo The 4th”, onde Ringo se embrenhava na onda da disco music, febre mundial na segunda metade dos anos 70, o ex-Beatle e seu parceiro Vini Poncia, produtor do álbum, embarcaram na produção de um álbum que não explorasse tanto o ritmo que ainda imperava nas rádios, dessa vez mais podado e com menos excessos que os anteriores.

Ringo e seu produtor se mandaram então para as Bahamas e para as cidades de Vancouver e Toronto no Canadá , e, ao longo de apenas dez dias, fizeram as gravações que originaria o disco que era pretendido como uma espécie de redentor da carreira do batera.

Assim nasceu “Bad Boy”, um álbum que é econômico inclusive quanto às indefectíveis participações especiais, marca registrada dos melhores álbuns do baterista, mas que aqui não deram as caras. Contudo, ainda visivelmente permeável aos sintetizadores, o disco não conseguiu resgatar a veia roqueira do álbum “Ringo”, lançado em 1973, e seu maior êxito até os dias de hoje.

Ainda assim, o disco tem canções de atitude roqueira, como “Who Needs a Heart”, música de sua própria autoria (em parceria com Vini Poncia), e a empolgante “Hard Times”. Analisando com boa vontade, o disco tem algumas excelentes canções como as já citadas e “Where Did Our Love Go”, regravação do sucesso com as Supremes em 1964.

As canções escolhidas como singles também agradam. Nos Estados Unidos, os singles foram "Lipstick Traces (On A Cigarette)" e "Heart On My Sleeve", que até hoje pode ser ouvida nas rádios brasileiras, e na Inglaterra a escolhida foi a belíssima “Tonight”, apesar de boas músicas, não chegaram nem perto de figurar nas paradas de sucesso.

Por outro lado, canções como as chatíssimas “Bad Boy” e "Monkey See - Monkey Do" puxam o álbum pra baixo, assim como a regravação de “A Man Like Me”, que fora gravada originalmente pelo próprio Ringo um ano antes para o desenho "Scouse The Mouse", e aqui simplesmente foi regravada trocando palavra “mouse” por “man”, o que de fato mostra que o período não era lá de muita criatividade.

Mesmo com todos os esforços, o álbum não convenceu a imprensa, e deu continuidade à má fase do ex-Beatle nas rádios e nas vendas, alcançando a parca posição de número 129 nas paradas americanas, e na Inglaterra o álbum nem ao menos apareceu nas paradas. A falta de resultados e interesse por parte do público ainda fez com que Ringo perdesse o seu contrato com a Polydor americana.

Apesar de não ser um álbum tão ruim quanto os seus resultados levam a crer, “Bad Boy” certamente pagou o preço pelos erros do passado, ou seja, mergulhar o ex-Beatle em um estilo que não combinava com sua voz, nem com sua personalidade, sempre associada ao Rock clássico, talvez por pura pressão de mercado, o que o levou a surfar em uma onda que definitivamente não era a sua.

Resenha Publicada em 27/05/2011





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