Resenha do Cd Who Do You Think We Are / Deep Purple

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WHO DO YOU THINK WE ARE
DEEP PURPLE
1973

WARNER MUSIC
Por Rafael Correa

Depois de devassar o mundo com "Machine Head" e "Made in Japan", todos esperavam que o Purple seguisse pela mesma trilha densa e explosiva que apresentavam até então. No entanto, "Who do We Think We Are" pisou no freio e evidenciou um contraponto que nem o mais cético admirador de Blackmore e cia poderia imaginar.

O álbum marca o fim da primeira fase com Ian Gillan nos vocais. Seja pelo desgaste da extensa agenda de shows ou o esgotamento do relacionamento de Blackus, este registro representa uma fase de transição do Purple.

Trata-se de um excelente álbum, permeado por todas as qualidades tradicionais que a banda detinha até então. Os riffs de Blackmore continuam inspirados e a capacidade de improviso do grupo resta cristalina ao longo das faixas.

"Woman from Tokyo" é um belo exemplo disso. A faixa trafega pelo marcante fraseado de guitarra, alterando seu compasso em diversos momentos, dando uma amostra do que a banda é capaz de arquitetar em estúdio. "Smooth Dancer" é, provavelmente, a canção mais forte do álbum. Dançante e extremamente hard rock, ela empolga e excita até mesmo o ouvinte mais desatento. Ela também prepara o terreno para o que seriam as canções do álbum posterior, "Burn", detentor de uma levada mais funk que o usual. "Rat Bat Blue" introduz o Deep Purple em essência: uma banda engajada com sua sonoridade, sempre guiada pela combinação das frases de Blackmore e Jon Lord. Poderia constar facilmente no tracklist de "Fireball" ou "Machine Head".

As duas faixas que arrematam o disco apresentam uma atmosfera diversa da usual, seja pela construção musical ou pelas letras apresentadas. Talvez, "Place in Line" (plena candidata ao prêmio de canção mais completa e bem trabalhada do álbum) e "Our Lady" apontem para a vontade da banda em alterar o rumo de sua sonoridade, que surge permeada por efeitos manejados por Lord e por backing vocals dificilmente percebidos nos álbuns anteriores do Purple. Seja pela surpresa ou pela coragem, vale muito a pena ouvir com atenção estas duas faixas, marcadas pela alteração das linhas vocais de Gillan.

Diante dos discos precedentes, "Who do We Think We Are" foi extremamente subestimado, ainda que seja uma excelente álbum. Por certo, hoje em dia é muito mais simples chegar à essa conclusão do que no momento de seu lançamento, que foi extremamente carregado de expectativas. Junto com Gillan, Roger Glover também deixou a banda, possibilitando o "renascimento" de um novo Purple, com Coverdale nos vocais e Glenn Hughes na voz de apoio e baixo. Portanto, "Who do We Think We Are" é uma excelente despedida de uma Era do Deep Purple, que deve ser saboreada com sabedoria.

Resenha publicada originalmente no blog Rock Pensante.

Resenha Publicada em 24/05/2013





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