Resenha do Cd Come Taste The Band / Deep Purple

COME TASTE THE BAND title=

COME TASTE THE BAND
DEEP PURPLE
1975

WARNER MUSIC
Por Rafael Correa

O décimo álbum da carreira do Deep Purple, via de regra, não recebe o devido reconhecimento que merece. Seja pelo conservadorismo do antigo público xiita (que não queria ver a banda apartada de seu guitarrista) ou pelos novos rumos que o grupo estava a tomar naquele momento, fato é que "Come Taste the Band" é, ou era, tido por muitos como uma sombra do Purple. Certamente, este disco filia-se à uma sonoridade comercial, se comparado com os trabalhos anteriores do grupo: mais leve e solto, o som do álbum é guiado, principalmente, pela influência funk perpetrada pelo baixista/vocal Glenn Hughes, razão maior da partida de Blackmore da banda. No entanto, por trás do copo que caracteriza a capa do disco, esconde-se outra influência, insculpida pelas mãos de outro integrante: o recém chegado Tommy Bolin.

Bolin, americano de nascença, agregou em sua formação musical diversos estilos, qua trafegavam do blues ao jazz sem maiores dificuldades. Prova disto era sua declarada paixão pelo trabalho do Mahavishnu Orchestra, banda de jazz-rock que misturava elementos indianos em suas canções, formada em 1970 por John McLaughlin, guitarrista de Miles Davis. Apaixonado pelas seis cordas e pelo trabalho de McLaughlin, em diversas canções é possível sentir as influências de Bolin em face de sua performance coma guitarra. Apesar de extremamente oposto ao estilo de Blackmore, Bolin conseguiu imprimir uma identidade própria ao som do Purple, e sua participação é um dos fatores essencias para que "Come Taste the Band" seja composto por excelentes canções, ainda que um pouco afastadas da sonoridade original da banda.

Prova da relevância do trabalho do guitarrista são canções como "Comin' Home", "Dealer", "Drifter" e "Gettin' Tighter", que além de contar com sua assinatura na composição, também concretiza o novo estilo que o Purple poderia seguir dali em diante, sem nenhum prejuízo ao patrimônio musical que a banda já havia construído com os nove álbuns anteriores. Aliás, é interessante perceber que grande parte das canções de "Come Taste the Band" foram compostas em parceria de David Coverdale e Tommy Bolin, com exceção de "Lady Luck", "This Time Around", "You Keep On Moving" e "Comin' Home", que contam com participações de Ian Paice, Jon Lord e, em grande parte delas, de Glenn Hughes.

No entanto, o possível futuro promissor do Purple encerrou-se no fim de 1975, pouquíssimos meses depois do lançamento de "Come Taste the Band", devido a uma série de fatores, que vão desde o descontentamento de membros da banda, até a má recepção que disco teve quando de sua publicação. Para complementar esse quadro crítico, Bolin veio a falecer em 4 de dezembro de 1976, após ser acometido por uma overdose provocada pela mistura de álcool, heroína e morfina.

Demorou muito para que "Come Taste the Band" alcançasse o status condizente com sua qualidade. Logicamente, como nada é perfeitos, muitos ainda hoje torcem o nariz para o disco, mas a razão disso certamente não é pautada em bom senso. Afinal, "Come Taste the Band" apresenta um novo universo ao Purple, e a única desculpa para não gostar do disco é o medo de novidades, e nada mais.

Publicado originalmente no blog Rock Pensante.



Resenha Publicada em 24/06/2013





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