Resenha do Cd Futorology / Manic Street Preachers

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FUTOROLOGY
MANIC STREET PREACHERS
2014

IMPORTADO
Por Fabio Cavalcanti

Os galeses do Manic Street Preachers sempre estiveram às margens do sucesso no cenário do rock britânico dos anos 90 e 2000's, sempre lançando álbuns diferenciados entre si, mas nunca atingindo algo mais do que um status 'cult' - o que ocorreu após o lançamento do exemplar de pós-punk "The Holy Bible" (1994) e da pérola de britpop "Everything Must Go" (1996). De forma incansável, a banda ousa mais uma vez, tanto em termos de som quanto em termos de letras, em "Futurology" (2014), seu novo álbum.

Funcionando como uma pseudo-continuação do mediano "Rewind the Film" (2013), o qual chocou o mundo com uma sonoridade semi-acústica que causou uma reação emocional indiferente às suas músicas, temos aqui um trabalho mais emaranhado, elétrico - e por vezes eletrônico -, com algumas das melhores canções compostas por James Dean Bradfield (voz e guitarra), Nicky Wire (baixo e extravagâncias visuais) e Sean Moore (bateria).

Faixas como o singelo rock "Futurology" e o ecoante e bem sacado single "Walk Me to the Bridge" indicam um caminho que remete ao dream pop dos anos 90, com guitarras sutis, melodias harmoniosas e bateria "dançante" na medida certa. E baladas como a etérea "Divine Youth" e as eletro-indies "Black Square" e "Between the Clock and the Bed" funcionam como bons momentos de descanso em um álbum que, felizmente, é dominado por faixas mais dinâmicas e/ou agitadas.

E os pontos altos do álbum ficam por conta da sensacional "The Next Jet to Leave Moscow", um rock ao mesmo tempo energético e comovente, e dos divertidos rocks eletrônicos "Europa Geht Durch Mich" e "Sex, Power, Love and Money", além de duas surpresas instrumentais inspiradas: "Dreaming a City (Hughesovka)" e "Mayakovsky". Já os pontos fracos ficam por conta da repetitiva e forçada "Let's Go to War", e da chata "The View from Stow Hill".

Ok, muito se falou aqui sobre os bons arranjos e a esperta produção do álbum, mas o que podemos dizer sobre as letras, que sempre foram um dos fortes da banda em seus álbuns anteriores? Em suma, suas críticas a questões políticas e sociais diversas continuam firmes e fortes, com uma veia irônica e elegante que a banda nunca deixou de exibir - e esperamos que continuem a exibi-la até o fim de suas atividades. E se este humilde resenhista corre o risco de parecer evasivo em relação às belas letras da banda, pode ter certeza de que o faço para que o leitor venha a conferir cada uma delas por conta própria...

Em sua eterna ode à mutação musical, os "Manics" (como são carinhosamente chamados) também nos lembram de sentimentos e "pendências" críticas que não devem passar em branco, ainda mais nessa era de artistas superficiais ou pretensiosos. Sem o perdão do trocadilho, o fato é que "Futurology" representa mais um passo do trio rumo a um bom futuro, tanto para eles mesmos quanto para os poucos ouvintes que ainda prestam atenção à sua música.

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Publicado também no blog do autor Rock em Análise.

Resenha Publicada em 19/11/2014





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