Resenha do Cd Estado De Poesia / Chico César

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ESTADO DE POESIA
CHICO CÉSAR
2015

DECKDISC
Por Anderson Nascimento

Dando continuidade à safra de bons discos, o paraibano Chico Cesar apresenta seu novo álbum “Estado de Poesia”, envolvendo a fusão de ritmos, marca presente em boa parte de sua obra, mas que, neste aqui, encontra-se ainda mais evidente.

Já na primeira faixa “Caninana” isso fica claro, ao fundir os já tradicionais ritmos nordestinos, com sanfona e demais peças necessárias para produzir um bom xote. Mas algo que já salta aos ouvidos nessa primeira faixa é a presença de nuance tipicamente roqueira. Talvez o fato de o disco ter contado com a coprodução do guitarrista austríaco Michi Ruzitschka, possa ter influenciado nesse aspecto.

O que pareceria ser apenas uma sensação acaba se confirmando em outras faixas do disco. Na segunda faixa, a obra-prima “Caracajus”, faixa que chega a lembrar Caetano Veloso em sua fase mais recente, traz o acompanhamento da guitarra que se junta à uma bateria feroz em seu clímax, sobre uma interpretação incrível de Chico Cesar. Essa camada roqueira que envolve o álbum também aparece em canções como o single “Taça”, além de outros momentos.

As doçuras que sempre povoam os disco de Chico também estão presentes no disco, representadas principalmente pela linda faixa título “Estado de Poesia”. Já canções tipicamente tradicionais estão representadas por “Palavra Mágica”, faixa gravada anteriormente por Maria Betânia, “Atravessa-me” e “Quero Viver”, parceria póstuma com o poeta Torcuato Neto, falecido em 1972. Outros destaques são os petardos singelos como “Museu” e “Miaêro”, outro momento único do disco, onde Chico mescla temas nordestinos com uma espécie tango moderno.

Ainda há o bom reggae “Negão”, que traz a participação do baiano Lazzo Matumbi. Lazzo não é o único conviva do disco, que também apresenta o músico Escurinho na delatora “No Sumaré” e Seu Pereira na faixa “Alberto”.

Ainda há o bom reggae “Negão”, que traz a participação do baiano Lazzo Matumbi. Lazzo não é o único conviva do disco, que também apresenta o cantor Escurinho na delatora “No Sumaré” e Seu Pereira no frevo “Alberto”, faixa que fala sobre Santos Dumont.

Mas nada é mais sugestivo, mais roqueiro e mais encantador do que a Dylanesca “Reis do Agronegócio”, faixa com nada menos que onze minutos de escancarado discurso político com viés conscientizador que encerra o excelente disco.

Com seu nono disco de estúdio lançado, Chico César marca mais um ponto positivo em sua discografia, em um álbum que merece ser ouvido e reouvido por todos os que gostam de trabalhos bem feitos, cuidadosos e arrebatadores. Certamente um dos melhores discos nacionais de 2015.

Resenha Publicada em 04/07/2015





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