Resenha do Cd The Book Of Souls / Iron Maiden

THE BOOK OF SOULS title=

THE BOOK OF SOULS
IRON MAIDEN
2015

WARNER MUSIC
Por Valdir Junior

Atualmente, somos muito pouco surpreendidos, quando algum músico ou banda, já com carreiras consolidadas e longas discografias, lançam um novo trabalho. Em sua maioria, esses músicos, procuram não se distanciarem do que já fizerem e continuam produzindo a mesma música em novas embalagens. Os fãs mais radicais com certeza não vão reclamar disso, e o músico acaba vivendo dentro dessa zona de conforto até onde puder.

O Iron Maiden depois do álbum “Fear Of The Dark” de 1992, parecia ser uma dessas bandas. Com a saída de Bruce Dickison em 1993 e sua volta em 1999, a banda vinha fazendo “mais do mesmo”. Em álbuns que ajudavam a manter o seu “status quo” e eram a deixa para turnês mundiais que enchiam, e muito, o bolso da banda. No final, a banda empolgava mais pelo passado do que pela sua música recente.

Mas, como sempre podemos nos surpreender, chega até nós, “The Book of Souls”, décimo sexto álbum de estúdio e o primeiro duplo do Iron Maiden. Gravado no final de 2014, antes de Bruce Dickinson descobrir e se tratar de câncer de língua, e produzido por Kevin Shirley e pelo baixista Steve Harris, o álbum esta entre os melhores álbuns que a banda gravou. Longe da juventude e da urgência que os membros da banda tinham em seu período mais criativo (1982-1988), “The Book of Souls”, traz uma banda madura e cheia de vitalidade, com vontade de avançar mais à frente com sua música.

Apostando em faixas muito mais longas e com uma pegada mais progressiva, as músicas trazem cada um dos músicos da banda podendo se expressar em seus instrumentos, sem caírem na obviedade, e tocando em prol da música, valorizando-a como um todo. Músicas como "If Eternity Should Fail", "The Book of Souls", "Death or Glory", são a cara do Iron, mas mesmo assim trazem frescor e energia que contaminam e se tornam pontes para as faixas mais elaboradas do álbum.

“Speed of Light”, primeiro single lançado, é o Iron Maidem diluindo uma pitada de Hard Rock em seu Heavy Metal, e também a faixa que menos empolga do CD inteiro. Músicas como The Red and the Black, "When the River Runs Deep" e "The Man of Sorrows" são os momentos em que a espontaneidade ficam bem evidente no álbum. "Shadows of the Valley", apesar de sua introdução ser idêntica a "Wasted Years" do álbum Somewhere in Time (1986), e a faixa "Tears of a Clown”, são dois grandes momentos do CD.

Mas o grande destaque mesmo fica para a "Empire of the Clouds" com seus 16 minutos e várias suítes musicais que nos envolve, como quando escutamos uma antiga e arquetípica estória sendo contada, é pura emoção. Essa é a faixa em que o Iron Maiden mais se mostra revigorado e disposto a seguir em frente, e com certeza em breve será considerada um “clássico” dentro do cânone da banda, e executada ao vivo vai ser um daqueles momentos épicos que só o Iron Maiden sabe fazer ao vivo.

Como já dito "The Book of Souls" é um dos grandes álbuns do Iron, já tem um lugar de destaque dentro da discografia da banda, e mostra que sair da “zona de conforto” é o que todo músico, artista, banda, deve procurar fazer, porque é inerente a própria arte, seja ela, música, literatura, artes plásticas e cinema, avançar sempre, pois assim ela permanece viva e em evolução, o Iron Maiden fez isso com esse álbum. Escute esse álbum, sem parar, e perceba isso.

Resenha Publicada em 14/09/2015





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