Resenha do Cd Olinka Stutz: Nós Que Nos Amávamos Tanto / Os Gianoukas Papoulas

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OLINKA STUTZ: NÓS QUE NOS AMÁVAMOS TANTO
OS GIANOUKAS PAPOULAS
2016

INDEPENDENTE
Por Anderson Nascimento

Com o quase enigmático nome de “Olinka Stutz: Nós Que Nos Amávamos Tanto”, a banda paulista “Os Gianoukas Papoulas” nos apresenta o seu terceiro trabalho, primeiro desde o elogiado “Panorâmica” (2005).

Temperado com ingredientes que reúnem as melhores texturas musicais, o grupo faz um álbum surpreendente que, sem hesitar, aponto como um dos melhores trabalhos independentes deste ano de 2016.

Temperado com ingredientes que reúnem as melhores texturas musicais, o grupo faz um álbum surpreendente que, sem hesitar, aponto como um dos melhores trabalhos independentes deste ano de 2016. “Oquei”, a faixa de abertura, corrobora com isso. A canção é uma profusão de ritmos que mistura Jazz, Rock, Bossa, surf-music, e até Iê, Iê, Iê, nos surpreendendo literalmente até nos último acordes. É desta canção a frase que ajuda a dar nome ao disco.

Música tem o poder de nos provocar reações incríveis. Quando ouvi o disco pela primeira vez, a excitação causada por sua faixa inicial transformou a minha reação ao início da subsequente, “Virtudes da Idade”, em três atos espontâneos e sincronizados: uma puta-que-pariu, um tapa na mesa, e uma imediata resposta com o dedão e o indicador no botão do volume, obviamente aumentando o som. A segunda canção do disco tem letra reflexiva e um grande arranjo vocal. Uma das melhores canções não só do álbum, mas também um dos melhores singles do ano. A deliciosa música passeia pelo som MPBístico perdido em algum lugar entre os anos 70/80, coisa linda!

E o disco vai se desenvolvendo com belas músicas e arranjos muito particulares. Assim, “3” é posicionada poeticamente como a terceira do álbum, mas fala de família, sobre o momento em que esta deixa de ser formada por apenas duas pessoas. Tudo isso regado a um som que bebe do psicodelismo, mas com um toque Folk. Consegue imaginar?

Entre letras doces e paisagistas como “Ideia Pra Uma Letra”, o disco distribui canções feitas para cantar como a vigorosa “Sem Sol”, faixa que apresenta um show instrumental à parte, cercada de um órgão maravilhoso, solo de guitarra, coro, e os “lá, lá, lá - lá, lá, lás” feitos para serem acompanhados pelos ouvintes.

O disco tem leveza, mas é forte ao mesmo tempo. A voz do vocalista Olavo Rocha é um grande guia para as canções, e como ele canta bem! Outro grande destaque do álbum é que, apesar de não haver exatamente um conceito por traz do mesmo, as canções conversam entre si. Há links implícitos e explícitos entre as canções. O disco fala sobre família e coisas sobre o que se gosta, sendo elegante como nos versos de “Ideia Para Uma Letra” (“no quarto do hospital as flores jogam charme pras abelhas (...) hoje você está tão bonita”) ou contundente como na brilhante “Herança” (“não te pesa a montanha de fracassos que seus filhos herdarão”), tendo por traz uma cama sonora à la Beatle ’66.

No fim o disco continua surpreendendo. A faixa “Sangue”, penúltima do disco, é formada por 3 partes que, juntas, fazem a canção passar dos 6 minutos. Na sequência o disco se despede com “Segredos”, balada rápida, intensa, adequadamente escolhida para encerrar o álbum, transmitindo a sensação de encerramento de um filme daqueles que tanto gostamos.

Formado na distante década de 90, o grupo é formado hoje por Felipe Rezende (bateria),Luiz Miranda (guitarra/violão/harmônica), Olavo rocha (voz), Pedro Canales (baixo) e Umberto Serpieri (guitarra/violão/teclado/backing vocal). Gravaram demos em K7, CD, até lançarem um EP autointitulado em 2003. Os tempos são outros e, ainda que tenha cara de LP, o novo disco do grupo marca presença nas principais redes sociais, e pode ser baixado gratuitamente no site oficial do grupo.

Em suma, o segundo disco da banda “Os Gianoukas Papoulas” é um trabalho simples, mas não simplório, um trabalho recheado com o melhor das influências individuais de cada integrante, mas é, ao mesmo tempo, original. O que resta a esse apreciador de música é desejar que esse álbum possa atingir milhares de pessoas da mesma forma como ele me atingiu.


Resenha Publicada em 25/11/2016





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