Resenha do Cd De Cara Pro Vento / Khalil

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DE CARA PRO VENTO
KHALIL
2021

INDEPENDENTE
Por Anderson Nascimento

Nascido em São Paulo, radicado em Belém e com ancestralidade nordestina, Khalil faz a sua estreia em disco com “De Cara pro Vento”, um álbum que é sintomaticamente pluralizado quando o assunto são as texturas sonoras que perpassam as 13 canções do álbum.

Essencialmente autoral, o disco revela ao Brasil um talento importante em tempos de recessão e exceções. Não sem antes, porém, ter recebido um convite para gravar as suas músicas em Lisboa, por intermédio do fotógrafo e produto brasileiro Sergio Guerra.

O disco até começa estranho (ou de forma ousada?) com vocalizações que dão passagem para “Força”, canção que abarca texturas que remetem ao paraibano Chico César. Entre momentos poéticos como “Luz” e de regionalismo/religiosidade como em “De cara pro vento”, o disco se apega às raízes interioranas e permite o desfile desse talentoso e jovem artista.

Ao longo do álbum as vicissitudes destes novos tempos ganham voz, de maneira política, questionadora e pungente, em canções como “Quem é Deus?”, “Botas Imundas” e “Ele Não”, que é o bônus do fim do álbum.

A MPB é reverenciada em canções como “Cabocla”, que tem algo de Caetano Veloso – uma influência perceptível ao longo do disco -, mas que também traça um paralelo com “A Menina Dança” dos Novos Baianos. Já em “Guerreiro de Aruanda”, não há como não lembrar de “Cavaleiro de Aruanda”, sucessão do Ronnie Von.

O instrumental do disco é minimalista, basicamente temos um violão tocado pelo Khalil, salvo pouquíssimas exceções como em “Seja Feliz” (outra faixa que lembra Caê), ou em intervenções de vozes e coros como em “Guerreiro de Arauanda” e “Botas Imundas”.

A literatura também se achega no álbum em momentos como “A Revolução dos Bichos” citação óbvia ao clássico literário do George Orwell, ou ainda em “Desordem e Regresso” que tem ares de livro de história.

Khalil também tem muito potencial radiofônico, isso fica evidente em uma das melhores canções do disco, a faixa “Eu não sei dizer adeus”.

Essencialmente autoral, o disco foi gravado em três dias em novembro de 2019, com produção de Alê Siqueira. “De Cara pro Vento” é uma belíssima estreia, e pros que são chegados ao formato físico, o disco ganhou uma versão lindíssima, que se assemelha a um compacto em vinil, só que com o CD encartado juntamente com um encarte com todas as letras e ficha técnica completa. Ouça!

Resenha Publicada em 25/02/2021





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