Por Johnny Paul Soares
É 1991, e o Grunge está acabando com o Hard Rock. Eis que surge um disco para quebrar os pilares ainda sensíveis da situação, vindo de uma super-banda nada mais, nada menos composta por Jake E. Lee (Guitarra), Ray Gillen (Vocais), Jeff Martin (Bateria; substituto de Eric Singer à partir deste disco) e Gregg Chaisson (Baixo). Após o primeiro disco, lançado em 1989, Eric Singer saiu do grupo para integrar o Kiss, devido à saúde do saudoso Eric Carr, que morreria neste mesmo ano de 1991.
Ainda sob a tutela da Atlantic Records, trabalham num disco que é a soma de alma & coração, num Hard Rock como se deve fazer: riffs potentes, vocais rasgados, feeling ao extremo e técnica/alma apurados. Infelizmente, devido à problemas internos e discussões provocadas por Jake e Ray Gillen, o Badlands lançou somente mais um álbum e terminou as atividades.
O trabalho em si é dotado de muito talento, sem pompas e delongas que notavam-se em bandas oitentistas que preferiam passar horas do dia no salão de beleza, deixando o mais importante de lado, em um momento que o visual era, certamente, o cartão de visita de qualquer banda americana que desejasse ingressar no lucrativo mercado do Hair/Glam. É um álbum que, sem mesmo uma audição aguçada, percebe-se passagens e influências dos grandes anos 70, como Led Zeppelin e The Allman Brothers Band (Vide o trabalho de Jake com o violão em In A Dream, Joe's Blues e Voodoo Highway; esta última algo que lembra Ice Cream Man do Van Halen).
As pesadas e contagiantes Whiskey Dusk, Love Don't Mean a Thing e Heaven's Train mostram o lado Hard Rocker e malandro do Badlands. Mas o destaque fica por conta da abertura do álbum, The Last Time. Uma ótima música para te fazer pisar fundo em um acelerador e com uma levada agressiva que te faz subir os pelos do joelho.
Apesar de tudo, o disco não vendeu bem, mesmo sendo uma verdadeira "coletânea" tão potente quanto Learn Into It, lançado pelo Mr. Big no mesmo ano de Voodoo Highway. E o "Long Live" não estava do lado dos californianos do Badlands, já que problemas iam e vinham internamente e, sem ao menos dar tempo de correr, Gillen foi diagnosticado com o vírus HIV, morrendo em sua casa em Nova Jersey em 1993. Em 1998, Jake (produtor de Voodoo Highway) decide lançar o álbum Dusk pela Pony Canyon, mas sem fazer turnê de promoção.
Mesmo com críticas desfavoráveis e sabendo da potência deste trabalho, sei que você irá correr atrás do álbum para analisar com carinho. Ah, e não se esqueça de colocar no volume máximo, aliás, um trabalho que abre com The Last Time é coisa para literalmente atravessar as paredes de sua casa com o peito enquanto os rebocos se enfraquecem com os graves de Gregg Chaisson.
Se você gosta da luta insana que tiveram as bandas de Hard Rock nos anos 90, quando o mercado que um dia lucrou fervorosamente com o estilo se virava agora para o Grunge, certamente irá acertar uma bola na cesta ao ouviu Voodoo Highway.