Resenha do Cd Nâo Sou Nenhum Roberto, Mas às Vezes Chego Perto / Nando Reis

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NÂO SOU NENHUM ROBERTO, MAS ÀS VEZES CHEGO PERTO
NANDO REIS
2019

RELICÁRIO
Por Anderson Nascimento

Mexer na obra do Rei Roberto é para poucos, e neste caso não estou nem levando em consideração as questões legais sobre o licenciamento das canções, mas sim no que diz respeito à expectativa quanto ao resultado de cada gravação.

Nando Reis talvez seja o Titã (ou ex-Titã) com a carreira solo mais bem sucedida, pois é dono de uma discografia sólida e de canções memoráveis em sua voz e também na interpretação de outros artistas. O reconhecimento pela solidez e longevidade de seu trabalho solo permite ao artista arriscar novos projetos, parcerias e formatos. Neste ousado novo disco, porém, Nando fica no meio termo entre boas releituras e arranjos, e outros equivocados.

O álbum começa muito bem com “Alô”, sucesso do Rei que abre o disco de 1994, e segue arrepiante com “De Tanto Amor”, canção presente em um dos álbuns mais importantes do Roberto, lançado em 1971, capitaneado pelo sucesso “Detalhes”.

O repertório foi bem escolhido, pois não é focado nos sucesso arrasa-quarteirões do Roberto, deixando de fora, por exemplo, o período da Jovem Guarda, mas também abarca lados Bs, como as menos badaladas “Vivendo Por Viver” (1978) e “Você em Minha Vida” (1976).

“Amada Amante” (1971), single deste disco e uma das melhores canções do Rei, ganhou uma boa interpretação do Nando Reis, porém há algo no instrumental que deixa a desejar, o coro também está ligeiramente alto, falta emoção, uma pena.

O disco abusa também dos arranjos minimalistas, e quando chegamos em sua metade, começa a cansar. “Todos Estão Surdos” (1971), até que ficou legal, mas merecia uma versão mais explosiva. Já “Nosso Amor” ganhou um arranjo bacana, que começa minimalista e depois é encorpada pela banda.

Algo imperdoável, porém, é a irresponsável versão de “Nossa Senhora” (1993), onde toda a letra foi substituída pela repetição da sílaba “na”. Nesta releitura Nando pisou feio na bola, destratando o hino religioso que conseguiu encantar até mesmo os não devotos da Santa.

Falando dos acertos, vale destacar o poema incidental feito em “Me Conte a Sua História” (1979), que chegou a lembrar das intervenções de Arnaldo Antunes; a versão pop de “Abandono” (1979); e a inclusão da narrativa de Jorge Mautner em “A Guerra dos Meninos” (1980), em versão em clima cinematográfico, que fecha o disco.

O balanço final do álbum mostra que há méritos ao longo deste novo trabalho, lançado no dia 9 de abril, dia do aniversário do Roberto Carlos. Não podemos deixar de levar em consideração o quão complicado é reler canções que estão há anos no nosso inconsciente coletivo, então é tarefa praticamente impossível agradar a todos os súditos do Rei, mas se é uma homenagem, tá valendo.

Resenha Publicada em 13/08/2019





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