Resenha do Cd Live In London 71 / Gilberto Gil & Gal Costa

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LIVE IN LONDON 71
GILBERTO GIL & GAL COSTA
2014

DISCOBERTAS
Por Anderson Nascimento

Contrariando assertivas que garantiam que já se encontravam esgotadas as relíquias provenientes dos gigantes da Música Popular Brasileira, o Selo Discobertas acaba de colocar nas lojas a pepita “Gilberto Gil & Gal Costa – Live In London ‘71”.

O disco duplo flagra Gilberto Gil e Gal Costa em Londres, ainda sob o período em que Gil se encontrava no exílio, em show realizado na City University no dia 26 de novembro de 1971, em companhia de Tutty Moreno (bateria), Chiquinho Azevedo (percussão) e Bruce Henry (baixo), grupo que então acompanhava o baiano em sua fase Londrina.

Fora o ineditismo que acompanha este lançamento, o disco ainda revela marcos importantes não só da carreira dos dois artistas, como também da própria MPB. Entre esses marcos, estão as interpretações de “Expresso 2222” (Gilberto Gil) e “Oriente” (Gilberto Gil), antes mesmo de seu lançamento oficial. Além da canção “Brand New Dream” (Gilberto Gil), faixa que faria parte do segundo álbum oficial que Gil estava planejando gravar e lançar ainda em Londres, mas que nunca aconteceu, devido a sua volta ao Brasil pouco tempo depois desse show.

Gal, em grande momento, interpreta canções que se eternizariam como clássicos de seu repertório, casos de “Coração Vagabundo” (Caetano Veloso) e “Vapor Barato” (Jards Macalé, Wally Salomão), ambas em ótimas interpretações.

Destacam-se ainda a então jovem “Como Dois e Dois” (Caetano Veloso), uma das melhores faixas do disco, não economizando na percussão, e também o medley “Maria Bethânia” e “Bota a Mão Nas Cadeiras” (Tradicional), que é cheio de inventividade e que derrama talento.

Após o set em que Gal está nos vocais e Gil no violão (com suas indefectíveis vocalizações), o Baiano assume o microfone e dá sequência ao show que ele já vinha fazendo na cidade, e que inclui canções como “Procissão” (Gilberto Gil, Edy Star), “Aquele Abraço” (Gilberto Gil) e até “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (Lennon, McCartney) - de uma banda que os londrinos já conheciam muito bem -, todas em interpretações livres de qualquer barreira estética.

A fita original foi encontrada pelo pesquisador musical Marcelo Fróes em 1998, com som gravado em estéreo diretamente na mesa de som, o que possibilita ao lançamento uma boa qualidade de som, ainda que Fróes faça questão de avisar sobre ligeiras distorções no verso do CD, perfeitamente perdoáveis perante o importante registro.

Joia entre os lançamentos de raridades deste ano, o disco vai ganhar também uma edição em LP triplo em breve, o que ajudará a valorizar ainda mais esse registro histórico, que por si só já ajuda a contar um pedaço importante de nossa história. E lá se vão mais de quarenta anos...

Resenha Publicada em 16/09/2014





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