Resenha do Cd Blomjud / Moon Safari

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BLOMJUD
MOON SAFARI
2008

INDEPENDENTE
Por Tiago Meneses

[Blomljud] é o segundo álbum da banda sueca Moon Safari. Carrega vários elementos que unidos dão ao disco um resultado final extremamente belo. As harmonias vocais são lindas, isso graças ao fato de que todos os membros da banda possuem vozes muito agradáveis e constroem uma das mais bem feitas paredes vocais que pude ouvir no rock progressivo. A instrumentação é composta por melodias ricas, mas de fácil acesso, onde raramente apresenta-se intrincada. Percussão suave, mellotron de bom gosto, guitarras de 12 cordas e guitarras elétricas de sonoridades aprazíveis e tons muito bem escolhidos de sintetizadores. Uma música tranquila, inocente e bem elaborada.

CD1:

O primeiro disco começa através de, “Constant Bloom”, canção curta executada à capela por vocais bastante afinados e sincronizados trazendo ao ouvinte uma sonoridade quase onírica, mas na verdade pode ser visto também como uma preparação pra faixa seguinte, o épico, “Methuselah's Children”, em que o cenário musical é completamente diferente. Uma música brilhantemente estruturada, mudanças radicais de andamento, mas sempre se mantendo bem orientada, sabendo de onde vem e pra onde vai. Por vezes a canção lembra o também épico “Children Of The Sun” da banda inglesa de Neo-Prog Magenta, mas claro, feito com sua própria personalidade em um equilíbrio perfeito entre todos os instrumentos.

"In the Countryside" é uma música de coros muito bem feitos, ainda que não seja uma canção tão forte quando a anterior, também carrega consigo grande beleza. Apesar de não ser uma faixa que empolga, mantem o desempenho impecável dos músicos dentro de sua coerência sonora proposta no álbum. Suas passagens mais suaves faz remeter o ouvinte a Genesis.

Se o Rock Progressivo pode ser visto como uma fusão de vários estilos e sons, “Moonwalk” sem dúvida alguma é um dos melhores exemplos na prática dessa teoria. A faixa começa de maneira agressiva com uma sonoridade que passa perto de um Hard Rock, mas logo se transforma em uma exibição suave de belas melodias e teclados exuberantes combinados com piano. Lembra um pouco ao Pendragon em sua melhor época, mas pra mim, soando de forma mais polida e bela. A faixa seguinte é a lindíssima, “Bluebells”, seus vocais principais são extremamente fortes, mas o que já está ótimo fica melhor quando são adicionados todos os backing vocals. A interação entre os instrumentos em um segundo plano é impressionante, fantástico e conseguem soar perfeitos. Uma canção de elegância que dificilmente se vê com frequência onde todos os volumes estão no grau exato pra nada sair sobre nada e tudo ficar evidente, perfeita. O primeiro disco chega ao fim com “The Ghost of Flowers Past”. Aqui a banda nos mostra uma nova faceta e o quão versátil que eles podem ser, os teclados (especialmente o melancólico mellotron) são simplesmente impressionante, ótima maneira de terminar o primeiro disco.

CD2:

"Yasgur's Farm" possui um frenesim até então não visto no álbum. Uma perfeita interação entre guitarra, bateria e órgão. Ao entrar o solo de sintetizador a música fica melhor ainda. Mas existe um ponto fraco e justamente naquilo que o álbum tem de mais belo no seu geral, os vocais. Soam desnecessariamente agudo em alguns momentos ao menos para o meu gosto. Mas a musicalidade soa tão bem, guitarras, teclados, enfim, que não acho que esse ponto fraco seja relevante.

Assim como na canção anterior, novamente a banda surpreende, agora através da faixa, "Lady of the Woodlands". Dessa vez na construção de uma música que já começa em uma linda instrumentação orientada por uma cadencia folclórica medieval. Possui uma influência em Yes principalmente em trabalhos como Machine Messiah, mas de sonoridade mais étnica. Uma mudança agradável onde novamente a banda mostra o quanto pode ser versátil e singular quando querem.

A faixa seguinte é a mais longa do álbum. "Other Half of the Sky" é um épico com mais de trinta e um minutos. Como é normal acontecer em faixas desse tamanho, o começo pode não empolgar tanto, podendo soar inclusive bastante tedioso. A faixa se arrasta nos seus cinco primeiros minutos, mas tudo começa a ser recompensando com uma mudança radical, torna-se vibrante e absolutamente imprevisível, passagens frenéticas unidas a seções mais serenas, solos de guitarra, teclado e uma seção rítmica sólida, sensacional. A faixa apresenta tudo o que um fanático em rock progressivo como eu espera. Músicos dando tudo de si em um som único, inovador e belo. Sensacional define esse épico de beleza soberba.

O álbum encerra com a música “To Sail Beyond The Sunset". Inclusive eu acho que deveria está em ordem invertida com "Other Half Of The Sky" devido a suavidade e melancolia que esfria muito o clima do álbum criado pela faixa anterior. Ótimos vocais e piano, mas funcionaria melhor se não fosse pra encerrar o álbum. Ainda assim, bela canção.

[Blomljud] é um álbum que nasceu com status de excelência. Um disco pra quem gosta do lado belo do rock progressivo sem precisar ser extremamente complexo e intrincado.

Resenha Publicada em 09/11/2016





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