Resenha do Cd O último Malandro / Moreira Da Silva

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O ÚLTIMO MALANDRO
MOREIRA DA SILVA
2011

DISCOBERTAS
Por Anderson Nascimento

Gaiato até na data em que nasceu , 1° de abril de 1902, o sambista Moreira da Silva tem finalmente a sua discografia inicial reeditada em CD. Os boxes “O Último Malandro” e “O Tal Malandro”, nomes retirados dos álbuns que abrem cada pacote, trazem quatro CDs cada, em ordem cronológica, reeditando os seus oito primeiros trabalhos entre 1958 e 1966.

Já consolidando a sua posição entre as gravadoras que lançam os sempre atrativos e desejados boxes, o selo carioca Discobertas segue a sua expertise com esse novo lançamento, trazendo álbuns que reproduzem capas, contra-capas e agregam, em alguns casos, raríssimos singles com completa aderência ao álbum em que a gravação é incluída.

Antônio Moreira da Silva, nome de batismo do sambista, foi o principal artífice do chamado “Samba-de-Breque”, aquele onde há paradas no instrumental , que são preenchidas com versos rápidos que complementam a estrofe da música. Kid Moringueira, alcunha plenamente carapuçada pelo sambista, começou a carreira musical em 1931, e se apresentou até o seu último ano de vida, aos noventa e oito anos de idade no ano de 2000.

O Box ainda mostra às gerações mais jovens a interpretação vocal de Moreira, então com idade entre cinqüenta e seis e sessenta e quatro anos, período em que gravou os discos que estão nos boxes, e a sua habilidade na construção de estórias hilariantes sempre envolvidas com jogo, malandragem, mulheres e temas que circundavam morros, becos e bares onde a malandragem freqüentava.

Já no primeiro álbum “O Último Malandro” (1958), está “Acertei no Milhar” (Wilson Batista – Geraldo Pereira), antigo clássico da obra de Moreira da Silva, que representa perfeitamente o seu estilo peculiar de cantar e, principalmente, de interpretar as canções. Entre outros momentos, destacam-se “Amigo Urso” (Henrique Gonçalez), as divertidas “Jogando com o Capeta” (Moreira da Silva – Ribeiro Cunha) e “Esta Noite Tive Um Sonho” (Moreira da Silva – Wilson Batista), além da politicamente incorreta “Na Subida do Morro” (Moreira da Silva – Ribeiro Cunha).

No ano seguinte, Moreira lança “A Volta do Malandro”, onde já abre com o famoso samba de Noel Rosa “Um Gago Apaixonado”, que mais uma vez dá provas de sua habilidade como intérprete. Ainda diverte com temas como “Filmando na América” (Moreira da Silva – Waldemar Pujol), e denuncia problemas que, mesmo relatados há mais de cinqüenta anos atrás, se mostram ainda atuais, caso da música “Cidade Lagoa” (Cícero Nunes – Sebastião Fonseca). Moreira também frequentemente fazia imitações ao longo das canções tipos como “São Pedro” e até o papagaio “Zé Carioca”, e estrangeiros, ora “falando” palavras em alemão, ora em inglês, ou até imitando japonês em “Fui ao Japão” (Moreira da Silva – Zé Ferreira).

O terceiro disco, “Malandro Em Sinuca”, um dos dois discos lançados em 1961 na carona de seus bem-sucedidos álbuns anteriores, traz uma série de canções suas e de outros compositores em uma seleção que incluem os petardos “Cardápio Changue-U” (Ricardo Lima Tavares – Marium) e a bacana “Antigamente” (Heitor Catumby – Moreira da Silva).

“Malandro Diferente”, o outro álbum de 1961, fecha esse primeiro Box com o disco que trouxe várias novas criações em seu repertório, casos de “Desculpa de Soldado” (Moreira da Silva – Jehova Basrbosa) e “A Dama do Cemitério” (Moreira da Silva – Kiabo), além da volta de “Fui a Paris” (Moreira da Silva – Ribeiro Cunha).

Em alguns momentos, Moreira “fica romântico” como alude o encarte do CD, cantando serenatas como “Aquele Adeus” (Mário Teresóplis) e “Se Você For à Bahia” (Alberto Costa – Oldemar Maganhães), e mostrando que o cantor de Samba também mandava bem quando o assunto era dor-de-cotovelo.

“O Último Malandro” é uma jóia que deve fazer parte da coleção de todos que apreciam o Samba, sobretudo, a música. Uma mina de ouro e conhecimento para aqueles que querem se aprofundar na obra de Moreira da Silva.

Resenha Publicada em 20/03/2012





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