Resenha do Cd Anos 60 - 1966 - 1969 / Jackson Do Pandeiro

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ANOS 60 - 1966 - 1969
JACKSON DO PANDEIRO
2014

DISCOBERTAS
Por Anderson Nascimento

Dando continuidade ao processo de resgate da obra do paraibano Jackson do Pandeiro (1919 - 1982) o selo carioca Discobertas acaba de produzir mais um lançamento de um dos maiores nomes da música popular brasileira.

O box compreende a obra do cantor e compositor entre os anos de 1966 à 1969, quando Jackson passou pelas gravadoras paulistas semi-independentes Continental e Cantagalo. As reedições seguem o já consolidado padrão do selo carioca, com capas e contracapas reproduzidas fielmente à obra original, áudio recuperado, e ainda imagens dos representativos selos dos vinis originais.

“O Cabra da Peste” (1966) é o primeiro disco do box e revela Jackson passeando por uma série de ritmos como o Samba em “A Ordem é Samba” (Jackson do Pandeiro – Severino Ramos) e “Vou Sambalançar” (Antônio Barros, Jackson do Pandeiro), devidamente embolados com sanfona e outros instrumentos que sincretizam a música nordestina com o ritmo previamente identificado com o Rio de Janeiro. Aliás, essa temática pode ser bem sintetizada em “Forró Quentinho” (Almira Castilho), faixa que fala sobre essa mistura de ritmos tão presente na obra do artista.

“A Braza do Norte” (1967) abre com o bonito lamento regional “Lá Vai a Boiada” (Manoel Pedro, Jackson do pandeiro), e traz outras ótimas faixas, mais voltadas para o forró, com belezas como “Passarinho Abandonado” (Ivo Martins, Jackson do Pandeiro). Curiosamente, este disco apresenta algumas faixas de apelo sentimental e emocional, onde Jackson fala do amor pela mãe em “Verdadeiro Amor” (José Bezerra) e lamenta a partida de um amigo em “Saudade de Um Amigo” (Jackson do Pandeiro).

“Jackson do Pandeiro é Sucesso” (1968) traz outros bons momentos como a direta “Nosso Amor” (Jackson do Pandeiro, Altamiro Cruz) e a emocionante “Retirante” (Nivaldo Lima, Manoel Pedro).

“Mais Um Pouquinho”, quarto CD do box, é o momento especial dessa coleção, o disco - exclusivo desse novo box da Discobertas - coleta raridades que vão desde “Que Coisa Chata” (Álvaro Castilho, Anastácio, Jackson do Pandeiro), que critica uma seleção brasileira sem Garricha nem Pelé, até citações de eventos que contextualizam as faixas em seu período caso de “Iê Iê Iê na TV” (Álvaro Castilho, Jackson do Pandeiro, Sebastião Martins), que brinca com a célebre faixa “É uma Brasa, Mora?” de Roberto Carlos e companhia. As faixas do disco vem de quatro compactos duplos, lançados no período compreendido pelo box, sendo dois da Continental e dois da Cantagalo. “Frevo do Tri”, que fecha o disco, é a única faixa saída de um compacto simples da Continental, e embala a seleção Brasileira ganhadora da Copa do Mundo do México.

Entre tantos momentos divertidos (e valiosos), vale ainda reparar a irreverência e a gaiatice do artista em canções como “Alegria do Vaqueiro” (Zé Catraca) e “Polícia Feminina” (José Pereira, Severino Ramos), do álbum de 1966; “Babá de Cachorro” (Antonio Barros, Jackson do Pandeiro), do álbum de 1967 ou ainda a originalíssima “A Taça Era Dela” (Waldemar Silva, Rubens Campos) acusa a Inglaterra de ter se favorecido por ser anfitriã na Copa do Mundo de 1966: “A Inglaterra fez uma Copa do Mundo Pra Ela, o campeonato ainda não tinha começado e a taça já era dela”.

Ainda sobre o projeto gráfico desse novo Box da Discobertas, para quem não reparou, cabe citar que cada disco traz uma foto distinta de uma famosa sessão do paraibano. Outro detalhe que vale a citação é a reprodução dos curiosos selos paulistanos Continental e Cantagalo, encartados em cada CD.

Em resumo, o Box “Anos 60 – 1966 – 1969” é outra pérola de nossa Música Popular Brasileira que não pode faltar em sua coleção.

Resenha Publicada em 04/06/2014





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