Resenha do Cd Definitely Maybe (2014) / Oasis

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DEFINITELY MAYBE (2014)
OASIS
2014

SONY MUSIC
Por Fabio Cavalcanti

Vinte anos... Sim, no último dia 29/08, os fãs daquela que é chamada por eles mesmos de "a melhor banda do mundo" puderam comemorar o vigésimo aniversário do lançamento de um verdadeiro "monumento sonoro". A banda, claro, é o Oasis, e o álbum é o "Definitely Maybe". Mas, ao invés de escrever a milionésima resenha sobre o trabalho original - tão influente para qualquer roqueiro dos anos 90 -, me concentrarei aqui na edição de aniversário do "disquinho", agora transformado em um "discão"... literalmente!

Qualquer pessoa bem familiarizada com o som do álbum de estreia dos irmãos Gallagher e sua trupe da época - formada pelo guitarrista Paul 'Bonehead' Arthurs, o baixista Paul 'Guigsy' McGuigan e o baterista Tony McCarroll -, vai perceber nesta nova edição a melhoria na qualidade do álbum, embora sua crueza e rusticidade características continuem intactas, exatamente como deve ser! O pacote em digipack também é um show à parte, com um belíssimo e completo trabalho de arte interna.

E, se os fãs nunca foram levados a sério em suas declarações de que os lados-B dos três primeiros discos do Oasis possuem quase a mesma qualidade dos lados-A, temos aqui uma chance perfeita de mostrar ao ouvinte comum uma sequência que inclui todos os lados-A e lados-B da época, unidos finalmente como uma grande família de canções singulares, as quais mostravam bem os dotes vocais "arranhados" (ainda intactos) de Liam Gallagher, e a composição intrincada do líder e guitarrista Noel Gallagher.

Em pleno 2014, não há muito o que dizer (ou repetir) sobre o canhão sonoro de "Rock 'n' Roll Star", sobre a safadeza harmônica de "Shakermaker", sobre o efeito épico de "Live Forever", sobre o espírito punk de "Up in the Sky" e "Bring It on Down", sobre o barulho minimalista e anestesiante de "Columbia", sobre as guitarras maravilhosamente lineares de "Supersonic", sobre o envolvente clima festeiro de "Cigarettes & Alcohol", sobre o momento indie-rocker de "Digsy's Dinner", sobre a beleza melódica escondida no relativo peso de "Slide Away", e sobre a - até então - inesperada faceta acústica ainda prototipada em "Married with Children".

Também não há muito o que dizer sobre letras que, em sua maioria, traziam apenas a urgência otimista e despretensiosa que o cenário do rock pedia naquele momento, após um já defasado período em que o grunge dominou o ouvinte com sua filosofia mais pessimista. Exceto pela reflexiva "Live Forever", pode-se dizer que este é o único álbum do Oasis em que não precisamos nos importar tanto com as letras, bastando nos entregarmos ao rock 'n' roll...

E agora, vamos aos lados-B, reunidos no segundo disco do 'reissue' em questão. Na tradição dos canhões sonoros característicos do Oasis naquela época, pode-se destacar os rocks "Cloudburst", "Fade Away" e "I Am The Walrus" (um esperto cover pesado dos Beatles), além das comoventes semi-baladas "Listen Up" e "(It's Good) To Be Free". Entre as faixas acústicas cantadas por Noel, temos as lindas "Sad Song", "Take Me Away" e "D'Yer Wanna Be A Spaceman?". E o que falar do contagiante single épico "Whatever"? Sem mais...

O único ponto negativo fica por conta da desnecessária inclusão de versões ao vivo no terceiro disco, quando seria melhor a banda ter incluído todas as faixas de um 'bootleg' até então chamado de "The Lost Tapes" (faixas perdidas). Para não dizer que tais demos foram totalmente ignoradas, a banda trouxe o petardo "Strange Thing", o qual, infelizmente, só nos deixa com água na boca para ouvir todo o restante daquele raro "pacote".

Após essa viagem nostálgica, concluo aqui que o Oasis sobreviveu com dignidade ao teste do tempo. Temos aqui uma banda e um álbum que, finalmente, podem ser introduzidos ao chamado "classic rock". E para quem pensa que a viagem de glória do Oasis começou e terminou por aqui, basta ficar ligado no "reissue" do álbum seguinte: "(What's the Story) Morning Glory?", programado para relançamento em 2015. A história de um dos mitos dos anos 90 continua no próximo capítulo...

Texto publicado também no blog do autor Rock em Análise

Resenha Publicada em 02/09/2014





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